Redação Pragmatismo
Política Externa 16/Nov/2022 às 17:17 COMENTÁRIOS
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Lula faz discurso histórico na COP27: "Brasil está de volta para ajudar novamente a combater a fome no mundo"

Publicado em 16 Nov, 2022 às 17h17

Na COP27, Lula arranca aplausos ao cobrar dívidas de países ricos – maiores responsáveis pelas mudanças climáticas – com os países pobres, maiores vítimas: "Não existem dois planetas. Somos uma única espécie e não haverá futuro enquanto continuarmos cavando um poço sem fundo de desigualdades entre ricos e pobres"

lula cop27
Lula discursou na COP 27, no Egito (foto: AHMAD GHARABLI / AFP)

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) arrancou aplausos e coro de “o Brasil voltou” ao cobrar na COP27 o pagamento das dívidas assumidas pelos países ricos com os países pobres em relação ao enfrentamento das mudanças climáticas. Em discurso hoje (16) na Cconferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, no Egito, Lula lembrou o calote que vem sendo dado desde 2020.

“Em 2009, na COP15, em Copenhague, os países ricos se comprometeram a mobilizar US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 – portanto já se passaram dois anos – para ajudar os países menos desenvolvidos a enfrentarem as mudanças climáticas. Não sei quantos representantes de países ricos tem aqui. Mas eu gostaria de dizer que a minha volta também é para cobrar o que foi prometido na COP15”, disse Lula, interrompido pelos aplausos e o coro.

O petista foi além ao cobrar os governos dos países ricos, principais responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa causadores do aquecimento global por trás das mudanças climáticas. “É triste mas esse compromisso não foi e não está sendo cumprido. Por isso nos leva a reforçar ainda mais a necessidade de avançar em outro tema nesta COP27: Precisamos avançar com muita urgência em mecanismos financeiros para remediar perdas e danos em função dos efeitos das mudanças climáticas”.

Questão climática exige gestão global

Enfático, Lula disse que o mundo não pode mais adiar esse debate. “Precisamos lidar com a realidade de países que têm a própria integridade de seus territórios ameaçada e as condições de sobrevivência de seus habitantes seriamente comprometidas. É tempo de agir. Não temos tempo a perder. Não podemos mais conviver com essa corrida ao abismo.”

O presidente eleito evocou a palavra esperança no sentido freudiano – esperança com ação imediata – para resumir a contribuição do Brasil ao enfrentamento da questão climática “pelo futuro do planeta e da humanidade”. E voltou a defender mudanças na configuração do Conselho de Segurança das Nações Unidas para além da questão geopolítica. Mas como instrumento para gestão da emergência climática.

Crise climática no centro do debate do G20

Para Lula, só uma instância global pode superar entraves nacionais para a efetivação de decisões tomadas no âmbitos de reuniões como a COP. “A decisão é tomada para o estado, que normalmente não concorda. Os empresários não aceitam, os deputados e senadores não aceitam. E o que aprovamos aqui vai sendo um amontoado de papel. Por isso temos de ter um fórum multilateral que decida, com poder de decisão definitiva, para ser aplicado, porque as coisas não são cumpridas nesse mundo. O tempo passa, a gente morre e as coisas não acontecem.”

Lula assumiu o compromisso de colocar a questão climática no centro do debate em 2024, quando o Brasil vai presidir reunião do G20 . “Estejam certos de que a agenda climática será uma das prioridades. Até porque eu preciso discutir com os países ricos algumas decisões que já foram tomadas em várias outras COPs e que essas decisões não saem do papel. Nós precisamos ter clareza de que não podemos ficar prometendo e não cumprindo porque senão seremos vítimas de nós mesmos.”

Discurso de Lula na COP 27:

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