A relevância do reggaetón para a América Latina
Desde 2010 particularmente escuto reggaetón, pois em outubro de 2009, fui para o Chile e amei este estilo de música, tendo conhecido Daddy Yankee e Wisin e Yandel, (que hoje em dia se separaram), sem saber o mínimo de espanhol, que só viria a ser fluente dali três anos, em 2013; talvez estes cantores, tenham tido uma posição fundamental em meu amor a esta língua e ao continente latino-americano.
Dez anos depois, comecei a ver um movimento de conhecimento pelos brasileiros deste estilo de música, que até mesmo antes de que eu conhecera, estavam ao lado sendo escutados todos os dias pelos povos dos países vizinhos, me levando a realizar e publicar o artigo, O consumo de reggaeton antes e depois de Despacito pelos brasileiros.
É claro que o brasileiro iria gostar deste estilo de música, ele tem a mesma origem e uma característica muito próxima ao funk, que também se tornou uma influência em toda a região latino-americana.
O reggaetón sempre foi visto pejorativamente, principalmente em seu estilo mais extremo sexualmente que se caracteriza pelo nome do “perreo”, que tem a ver com a expressão sexual e social mais extrema por parte dos jovens e de preferencialmente de classes mais baixas.
Este estilo tem origem com a relação de diversos estilos musicais latino-americanos, como se fosse um filho bastardo de todos eles, o que se mesclou com o reggae, que também é visto de maneira pejorativa e classista em se tratando do uso da maconha.
Me parece, portanto, que devido a mescla e ao seu histórico classista, é possível entender o reggaetón como uma expressão da cultura popular latino-americana e por isso no início era excluída de maneira pejorativa pelas classes sociais mais altas. Mas o movimento latino-americano e o papel de artistas como Anitta, Bad Bunny e entre outros, se tornou importante não só para a valorização do estilo na região, mas principalmente de maneira internacional.
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Mover a bunda e a diversão latino-americana, que é exportada por meio do funk e do reggaetón é algo único no mundo e exala tudo que há nas culturas originarias e africanas que nos faz ser parte deste continente.
Assim, ter tido sua origem em meio aos mais pobres dos países da América Central para o mundo, levou este estilo de música a não ser aceito, pelas classes altas latino-americanas, mas felizmente, com o passar dos anos, ela foi sendo aceita e hoje é possível que o mundo conheça por meio do reggaetón as expressões mais características da cultura popular do povo latino-americano.
*Danilo Espindola Catalano é escritor, pesquisador e professor de espanhol, dedicado a passar a cultura latino-americana aos seus alunos. Graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Espanhola e Especializando em Educação e Cultura pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais Brasil.
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