O extremismo nasceu do futebol?
Desde que tive uma idade mínima para poder entender sobre futebol e comecei a não me preocupar com ele, mais ou menos após a copa do mundo de 2006, foi quando comecei a ser visto de maneira pejorativa.
Talvez tenha sido esta atitude dos brasileiros que me fez não mais ligar para o futebol, pois sempre dizia que não gostava da seleção brasileira, que não gostava de ver o jogo dela, por motivos pessoais e ideológicos, também porque sou do tipo de pessoa que vê alguém ganhando muito um campeonato e quer ver os outros também ganhando, ou seja, seria pensar, o Brasil já tem cinco, vamos dar chance para outros e ver eles ganharem.
Por esse motivo na vitória da Espanha, torci para ela como os brasileiros torcem para a seleção brasileira, porque queria ver ela, que nunca ganhou ter a felicidade de receber tal carinho e felicidade, que o Brasil já recebeu e parece querer seu monopólio invicto.
Foi quando comecei a ouvir frases pejorativas, como, você não é nacionalista, tem que torcer para a seleção brasileira porque você é brasileiro. Frases estas que sem perceber, as pessoas estão sendo extremistas, pois não é não torcer pela seleção brasileira que me faz mais brasileiro ou menos brasileiro, bem, não só eu, mas qualquer outro compatriota, isso é só um time como qualquer outro e para quem alguém vai torcer é de exclusividade única da pessoa, mas infelizmente, não é como agem os brasileiros.
Leia aqui todos os textos de Danilo Espindola Catalano
Ao ver os atos bolsonaristas recentes e iniciar a copa do mundo no Catar, me veio está reflexão de forma clara e interessante, pois a atitude que vemos em relação é comparável, sim, o tipo de violência é diferente, pois em toda minha vida sofri violência psicológica por não torcer pela seleção brasileira e as pessoas sofrem violência física por serem petistas ou por não serem bolsonaristas ou serem contra o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), mas no fundo são atitudes extremistas comparáveis.
É tão assim, que fiz uma estratégia em 2010 no mundial, torcendo contra a seleção brasileira, o que mostrou ainda mais o ódio brasileiro exacerbado em um jogo de futebol, como se alguém torcer contra o seu time, fosse pior do que um corinthiano ver o jogo ao lado de um palmeirense, a logica é a mesma, mas se são amigos nenhum sofrera violência, mas no caso de ir contra a seleção brasileira, amizade, ser da mesma família, não é impedimento para tratar com violência psicológica e estrutural.
Comparável ao bolsonarismo, que não aceita nem mesmo a derrota nas eleições ou qualquer torcida contra o governo que destruiu o país por quatro anos, o que talvez tenha sido a fonte do nascimento do bolsonarismo e desse extremismo que se compara ao nazismo e fascismo, que como grandes autores já apresentaram, eles sempre estão vivos em todos nós, basta que não nos controlemos e deixemos o ódio nos dominar, que é o que acontece com quem não torce pela seleção brasileira.
*Danilo Espindola Catalano é escritor, pesquisador e professor de espanhol, dedicado a passar a cultura latino-americana aos seus alunos. Graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Espanhola e Especializando em Educação e Cultura pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais Brasil.
→ SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI… considere ajudar o Pragmatismo a continuar com o trabalho que realiza há 13 anos, alcançando milhões de pessoas. O nosso jornalismo sempre incomodou muita gente, mas as tentativas de silenciamento se tornaram maiores a partir da chegada de Jair Bolsonaro ao poder. Por isso, nunca fez tanto sentido pedir o seu apoio. Qualquer contribuição é importante e ajuda a manter a equipe, a estrutura e a liberdade de expressão. Clique aqui e apoie!