EUA estão muito perto de atacar a Síria
Neste momento, dentro da Sala Oval, Obama enfrenta a possibilidade de envolver os Estados Unidos em outro conflito no Oriente Médio de dimensões imprevistas e a pergunta é quando
Com movimentos navais próximos ao litoral da Síria, mísseis de cruzeiro prontos no Mar Mediterrâneo e uma retórica que sobe de tom, os Estados Unidos se aproximam cada vez mais de uma possível ação militar contra esse país do Oriente Médio.
O governo do presidente Barack Obama reiterou que continua estudando a resposta às autoridades de Damasco, que acusa de terem utilizado armas químicas contra a população civil em 21 de agosto último, o que o governo de Bashar al-Assad nega peremptoriamente.
Jay Carney, porta-voz da Casa Blanca, disse na segunda-feira (26) em coletiva de imprensa que ainda não há uma decisão sobre a ação militar, embora o Pentágono tenha apresentado uma variedade de opções militares ao mandatário democrata, incluindo o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea.
Contudo, especialistas militares, membros do Congresso e outros que acompanham o tema opinam que a variante mais provável seria a utilização de mísseis de cruzeiro para atacar alvos sírios.
A eventual ação envolveria disparar esse tipo de armas a partir de navios ancorados no Mediterrâneo e fora do espaço aéreo sírio para, segundo observadores, proporcionar a opção mais segura para as forças que atacarem, destacou uma reportagem do diário USA Today.
O secretário de Estado, John Kerry, em linha com o argumento do suposto uso de armas químicas pelo governo de Assad, fez na segunda-feira uma imprevista declaração na qual disse que a “evidência é irrefutável”, mas sem apresentar provas.
Nesse sentido, pediu a todas as nações que se unam para esclarecer sobre a responsabilidade da Síria pelo emprego de gases venenosos contra sua população civil, e sublinhou: “o que está diante de nós hoje é real e convincente”.
Há meses Obama apontou como advertência que a utilização desse tipo de armas seria a chamada linha vermelha estabelecida para decidir una resposta mais dura contra Damasco, que implicaria um ataque armado direto.
Alguns legisladores consideram que a agressão à Síria poderia ser iminente e que o presidente Obama não necessitaria da aprovação do Congresso para isso (como ocorreu na Líbia em 2011).
Líderes do Capitólio, inclusive o presidente da Câmara de Representantes, o republicano de Ohio John Boehner, esclareceu que antes de qualquer ação teria que fazer uma consulta significativa com os legisladores, assinalou seu porta-voz, Brendan Buck.
Este explicou que o primeiro passo de Obama e sua equipe deve ser informar, consultar o Congresso sobre o que considera opções viáveis e “isto anda não ocorreu”.
Grupos da chamada oposição armada acusaram o Exército Árabe Sírio de efetuar um eventual ataque com gases tóxicos, o que foi tomado como argumento para o incremento das tensões.
Damasco, entretanto, apresentou mais provas sobre a utilização desses artefatos pelas forças irregulares que tentam derrocar Al-Assad, as quais contam com o apoio político e logístico de Washington e alguns de seus aliados europeus e do Oriente Médio.
O aumento da retórica coincide também com a visita de uma missão da Organização das Nações Unidas a uma região nas redondezas da capital síria, agredida nesta segunda-feira por franco-atiradores das forças oposicionistas.
O curso dos acontecimentos recorda o roteiro utilizado durante a invasão e ocupação do Iraque, em março de 2003.
Naquele momento, o então presidente George W. Bush, o vice-presidente Richard Chenney, o chefe do Pentágono, Donald Rumsfeld, e o secretário de Estado, Colin Powell, asseguraram que Bagdá tinha armas de destruição em massa, que jamais apareceram.
Agora, meios de imprensa recordam igualmente que um dos momentos chave da carreira política do atual mandatário foi um discurso pronunciado por ele em outubro de 2002 quando, desafiando a maré da opinião pública, se opôs à guerra contra o Iraque. Esta postura o ajudou a ganhar a indicação do Partido Democrata como candidato em 2008 e em seguida vencer as eleições para presidente da República.
Neste momento, dentro da Sala Oval, Obama enfrenta a possibilidade de envolver os Estados Unidos em outro conflito no Oriente Médio de dimensões imprevistas e a pergunta é quando.