Após decretos de Bolsonaro, bandidos usaram documentos falsos para conseguir armas legalmente
Criminosos usavam documentos falsos para registro de armas liberado por Bolsonaro, revela Polícia Federal. Megaoperação da Polícia Federal deflagrada nesta semana busca combater fraude em registros de colecionadores, atiradores e caçadores, os chamados CACs
A Polícia Federal realiza, nesta quarta-feira (25), uma operação contra um esquema de obtenção fraudulenta de certificado de registro (CR) para que criminosos tivessem acesso à condição de Colecionadores, Atiradores ou Caçadores, os chamados ‘CACs’, e assim adquirissem armas de fogo e munições. Batizada de ‘Ilídimo’, a ação teve início pela manhã em dois endereços na cidade de Barra do Garças, no Mato Grosso.
De acordo com a PF, o esquema ficou constatado após o compartilhamento de informações com o 41º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército Brasileiro. O órgão identificou documentos falsos sendo utilizados por indivíduos nos processos de requerimentos feitos por meio do Sistema de Gestão Corporativo (SisGCorp).
“Em regra, os documentos falsos eram utilizados para burlar a fiscalização, visando conceder o registro de CAC a pessoas que não possuíam requisitos para obtenção de armas de fogo, levando o Exército a erro. Pessoas com extensas fichas criminais (passagens por roubo, furto, associação criminosa, tentativa de homicídio, porte e posse ilegal de arma de fogo) tentaram adquirir armas de fogo utilizando-se desses documentos falsos”, detalhou a Polícia Federal.
Crimes cometidos
Até o momento, não há informação de que pessoas tenham sido presas na operação. Pela manhã, em nota à imprensa, a PF destacou que havia dois mandados judiciais de busca e apreensão. Além disso, o alvo da ação nesta quarta eram computadores, celulares, armas de fogo, munições e documentos relacionados aos fatos investigados. O objetivo, segundo a corporação, é “robustecer a confirmação das fraudes perpetradas pelos envolvidos, bem como identificar outros indivíduos que possam ter envolvimento com os fatos”.
Se comprovado o esquema, os envolvidos poderão responder pelos crimes de falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso e associação criminosa.
Libera geral de Bolsonaro
No domingo (22), conforme mostrou a RBA com base em dados do Exército obtidos pelo portal G1, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), a quantidade de pessoas com autorização para ter armas de fogo cresceu sete vezes ao longo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O número de CACs subiu de 117.467, em 2018, para 813.188 no ano passado – 6,9 vezes mais.
Dessa forma, o governo anterior autorizou 695.721 pessoas a possuir armas. Isso corresponde a 872 cadastros por dia, informa o portal. Por lei, cabe ao Exército aprovar os pedidos. Só no último ano do governo foram dadas 318.360 autorizações. Quase metade (46%) de todo o mandato.
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O armamento era uma das bandeiras do ex-presidente da República, que facilitou as regras para aquisição e posse. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu parcialmente os decretos do governo nessa área. Já no primeiro dia de seu mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revogou as normas e definiu novas regras.
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