Tubarão capturado por pescadores solucionou caso de homem desaparecido na Argentina
A pesca de um tubarão ajudou policiais a resolverem o caso de um desaparecimento na Argentina. Antes de sumir, o homem de 32 anos enviou uma mensagem à esposa
O Diego Barría, 32 anos, foi visto pela última vez dirigindo por uma praia na província de Chubut, na Patagônia argentina, de acordo com a Associated Press e o El País. O veículo foi encontrado destruído no local dois dias depois, mas o paradeiro do homem não foi descoberto.
No entanto, oito dias após o sumiço de Barría, dois pescadores disseram à guarda costeira que encontraram restos humanos dentro de um tubarão próximo à área onde o carro do homem foi achado.
Familiares de Barría foram acionados e reconheceram uma tatuagem presente em um antebraço que estava no interior do peixe. Os restos mortais da vítima serão submetidos a um teste de DNA para confirmar a correspondência.
O chefe do departamento de polícia de Comodoro Rivadavia, Cristian Ansaldo, afirmou à Sky News que acredita que Barría tenha sofrido um acidente e sido arrastado para o oceano. “Uma das hipóteses mais fortes é que [Barría] colidiu com uma pedra e que seu corpo foi levado pelo mar, mas vamos lidar com todas as possíveis teorias com as evidências encontradas no local“.
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Antes de desaparecer, Barría teria enviado uma mensagem à esposa, Virgina Brugger, na qual teria dito que voltaria para casa mais tarde do que o esperado, segundo o El País.
Os parentes do pai de três filhos comunicaram o desaparecimento às autoridades dois dias depois da última comunicação com a esposa. Brugger publicou nas redes sociais um tributo ao marido no último domingo (26): “Meu coração se foi com você! Eu te amo para sempre”, escreveu.
O argentino era pai de três filhos e adorava pescar e fazer aventuras em carros com tração nas quatro rodas, chamados 4×4. Corpulento, moreno e com 1,85 metro de altura, ele trabalhava na empresa Vientos del Sur, ligada aos serviços petrolíferos. As tatuagens que Diego tinha foram a chave para sua família reconhecer que eram dele os restos mortais.
Busca por Diego
Antes da descoberta trágica, uma intensa operação terrestre montada pela polícia na área natural de Puerto Visser — onde Diego havia pescado e estacionado seu veículo — reuniu familiares e amigos.
Os pais de Diego — até então considerado desaparecido desde o dia 18 de janeiro — estavam lá, percorrendo o local, cerca de 75 quilômetros ao norte de Comodoro Rivadavia, na esperança de encontrá-lo com vida.
A mobilização também ocorreu por meio das redes sociais. A mulher de Diego, Virginia, postou no Facebook na última semana: “[Peço] Apenas um sinal para que eu possa encontrá-lo, por favor. Estou enlouquecendo, não me abandona, peço a Deus que você apareça logo. Aqui estou esperando por você. Não me assuste assim”.
Algumas horas depois, ela fez outra postagem, com uma foto de Diego em cima de um veículo: “Eu ouvi você acelerar a noite toda com a ilusão de que estava voltando para casa. Cadê você, meu esperto?”
Em seguida, ela agradeceu a quem ainda estava procurando por seu marido: “Obrigada a todos que estão ajudando na busca por Diego e orando por ele. Estamos todos orando para que ele apareça logo, não parem de pedir por ele, não vamos perder a fé. Não o deixem sozinho, tragam-me Diego”.
Diego vestia uma jaqueta com a marca da empresa para a qual trabalhava, e uma mochila grande com roupas. Segundo a polícia, ele estava indo de sua casa para um campo.
“Mesmo na última comunicação com sua família, ele disse que iria se atrasar. Ele passou por todas as barracas para dizer olá e relatou seu atraso. Eles o viram pela última vez aproximadamente às 23h30 e o possível acidente e descoberta do veículo teria ocorrido em um raio estimado de 1,5 mil metros”, disseram fontes da corporação.
Quais são as principais hipóteses?
Fontes da promotoria afirmaram nesta terça-feira (28) que não foi descartada nenhuma hipótese sobre as causas da morte de Diego. Na sexta-feira (24), antes do desfecho dramático, o subsecretário de Proteção Civil e Gestão de Riscos da Província, José Mazzei, e o comissário-chefe Crhistian Ansaldo, chefe da Unidade Regional de Comodoro Rivadavia, se reuniram com familiares e amigos do então desaparecido. Também participaram do encontro uma representante do Ministério Público e a chefe do Núcleo de Busca Pessoal, Daniela Millatruz.
“Queríamos fazer um encontro com familiares e amigos para saber como estão num contexto tão triste como é, o desaparecimento de uma pessoa. Talvez esta situação seja das mais complexas de enfrentar por se tratar de um caso que não se sabe quanto tempo vai demorar [para ser solucionado] e é muito difícil de resolver. Se não há bons resultados, é muito complicado”, disseram as autoridades.
Quanto às hipóteses, Mazzei definiu o caso como “muito complexo” uma vez que os elementos encontrados são um veículo avariado, sem condutor, com pouquíssimos elementos e num momento desfavorável para avaliar possíveis pistas.
“A descoberta ocorreu três ou quatro horas depois de uma maré alta muito impactante que ocorreu naquela manhã. Houve duas com coeficiente de 99, algo muito alto, e as pessoas que estavam pescando no local tiveram essa percepção”, afirmou Mazzei.
Ele disse que trabalha com duas hipóteses: uma de que Diego foi ferido e a outra, que tem mais peso, é que devido ao impacto, conforme mostra o estado do veículo e do capacete, ele ficou inconsciente na costa e foi engolido pela maré alta.
A investigação também visa a descobrir se ele poderia ter se deparado com alguém ou se sofreu um acidente sozinho.
O chefe da Unidade Regional de Comodoro Rivadavia confirmou que a polícia colheu depoimentos de supostas testemunhas.
“Nos dizem que ele estava passando por cada um dos postos de pesca e que acenava para cada um deles. Os últimos que o viram foram os que estavam na penúltima posição, faltaria mais um, mas ele não chegou. Foram essas mesmas pessoas que encontraram o veículo no dia seguinte, quando voltaram para a área urbana”, disse.
O agente esclareceu ainda que o caso está em fase de investigação e que o veículo encontrado será submetido a perícia para apurar detalhes e circunstâncias de uma possível colisão e o tipo de dano sofrido.
“O laudo pericial ainda não foi finalizado. Vamos tentar ver os danos que [o veículo] tem, assim como o capacete”, indicou o responsável da Unidade Regional.
A respeito das características da área onde Diego desapareceu, ele disse que há formam-se poças a partir dos muitos bancos de areia.
“O que descobrimos com os frequentadores do local é que nem sempre tem poças visíveis, mas às vezes fica tudo no subterrâneo”, acrescentou.
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Ainda que tenham confirmado que o capacete foi danificado, assim como o veículo, foi descartada a existência de manchas de sangue.
“Não há omissão, nós estamos trabalhando em conjunto, o que é o ideal nestes casos”, disse Ansaldo, que confirmou a participação da secção canina e do apoio aéreo na operação. “Estamos avaliando o comportamento das correntes marinhas para ver onde o mar expele seus dejetos para fornecer algum elemento que esse rapaz possa ter tido”.
Durante a madrugada deste domingo, fontes policiais garantiram que não está descartado que, após o acidente com o veículo, o corpo tenha sido atirado ao mar. Agora, a busca por outros restos do corpo que orientam os investigadores continua com mergulhadores da prefeitura naval na costa do ponto onde foram encontrados os pertences de Diego.
Com Uol e La Nacion
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