Demissão de Sikêra Jr. representa o fim da maior expressão do bolsonarismo na TV
Na TV aberta, a mais fiel tradução do bolsonarismo era Sikêra Jr., um personagem estridente que apresentava um show de baixarias a título de programa de notícias policiais. Nos próximos dias, os telespectadores estarão livres dessa dose diária de barbárie televisiva. Com a derrota de Bolsonaro, o programa e a emissora perderam patrocinadores estatais e uma campanha do Sleeping Giants Brasil espantou os anunciantes privados que restaram
Chico Alves, em seu blog
De 2019 a 2022, Jair Bolsonaro exercitou à frente da Presidência da República um comportamento nunca visto por parte dos outros ocupantes do cargo. Confirmando sua índole — que alguns imaginavam que seria domada pelos assessores —, o presidente deu demonstrações diárias de grosseria, machismo, homofobia, mentiras e incentivo à truculência policial.
Esse estilo tosco de encarar o mundo inspirou réplicas em muitos setores da sociedade brasileira. Na TV, a mais fiel tradução do bolsonarismo é o apresentador Sikêra Jr., um personagem estridente, que de segunda a sexta apresenta na Rede TV! um show de baixarias a título de programa de notícias policiais.
A emissora anunciou que o programa de Sikêra Jr. vai sair do ar. Nos próximos dias, os telespectadores estarão livres dessa dose diária de barbárie televisiva.
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Com a derrota de Bolsonaro, o programa e a emissora perderam patrocinadores estatais e uma campanha do Sleeping Giants Brasil espantou os anunciantes privados que restaram.
É um alívio.
Entre outros absurdos, Sikêra Jr. se referiu aos homossexuais como “raça desgraçada” e disse a seguinte frase: “já pensou ter um filho viado e não poder matar?”.
Houve bizarrices de todos os tipos. O apresentador exibiu o vídeo de uma égua sendo estuprada e por isso foi acusado de zoofilia, apoiou o uso de cloroquina contra a covid-19, chamou uma telespectadora de “vagabunda” e opinou que mulher que não pinta unha é “sebosa”.
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A mais frequente manifestação de brutalidade tem sido, no entanto, a comemoração de cada morte provocada pela polícia. Às notícias de que um suspeito foi exterminado, Sikêra Jr. e sua equipe reagem fazendo palhaçadas segurando um cartaz onde se lê “CPF cancelado”.
Em uma dessas performances mórbidas teve a companhia do próprio ex-presidente Bolsonaro.
Segundo informou o jornalista Ricardo Feltrin, do Uol, a Rede TV! alega que o programa abalou a “reputação” da emissora. Na verdade, o dinheiro dos patrocinadores evaporou e o canal, antes bolsonarista roxo, agora quer se tornar mais palatável a uma possível injeção de verba do governo Lula.
Como se vê, entre os muitos benefícios resultantes da derrota eleitoral de Bolsonaro — como a retomada da luta contra o desmatamento da Amazônia, o fim do negacionismo científico, a reversão da política armamentista, etc, etc.. —, está a interrupção desse turbilhão inacreditável de bolsonarices que diariamente invadia os lares de milhões de brasileiros.
Que Sikêra Jr. e seu inspirador, o ex-presidente, guardem para si as suas baixarias.
Com isso, a programação da TV aberta brasileira fica um pouco menos ruim.
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