Médico que retirou órgãos de menino de 10 anos para vender é preso em SP
Médico que retirou órgãos de criança viva é preso em SP. A prisão aconteceu após decisão do STJ que cassou uma liminar que impedia a prisão do ex-coordenador de transplantes da Santa Casa de MG
O médico Álvaro Ianhez foi na última terça-feira (9) em Jundiaí (SP). Ele é um dos condenados pela morte do menino Paulo Veronesi Pavesi. O crime aconteceu na Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas (MG), em abril de 2000.
A prisão aconteceu após decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que cassou uma liminar que impedia a prisão do médico — Ianhez foi condenado em 2022 a 21 anos e oito meses de prisão.
Álvaro Ianhez foi condenado em abril de 2022 por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e pelo fato de a vítima ter menos de 14 anos. Alvaro Ianhez era coordenador do setor de transplantes do hospital.
Outros dois médicos também foram condenados por envolvimento no crime: José Luis Gomes da Silva e José Luis Bonfitto — eles pegaram 25 anos de prisão, cada. Um terceiro médico, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca, foi absolvido pelo júri.
RELEMBRE O CASO
Paulo Veronesi Pavesi foi internado no Hospital Pedro Sanches em abril de 2000, após cair de uma altura de 10 metros do prédio onde morava. Dois dias depois, o garoto foi transferido para a Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas.
Na unidade de saúde, os médicos informaram aos pais que Paulo teria sofrido morte cerebral em decorrência de traumatismo craniano. Os profissionais também relataram que haviam retirado os órgãos e enviado para o banco de transplantes da Santa Casa.
Os pais começaram a suspeitar dos médicos após receberem uma conta de quase R$ 12 mil do hospital referente aos medicamentos usados para remoção dos órgãos da criança — o processo deveria ter sido custeado pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
A Polícia Federal passou a investigar o caso e constatou que o exame que teria atestado a morte cerebral de Paulo foi feito de forma irregular.
Conforme o MPF (Ministério Público Federal), a documentação sobre a morte da criança foi forjada com o objetivo de fazer com que Paulo fosse doador.
No julgamento que aconteceu em abril de 2022, o advogado da família de Pavesi, Dino Miraglia, relatou que os médicos anestesiaram o garoto para retirar os órgãos. “Se o menino estava com morte cerebral, para que anestesiou? Anestesiou porque não tinha morte cerebral. Se não tinha morte cerebral, não podia ter transplante”, argumentou na frente do júri.
A máfia de médicos de Poços de Caldas foi descoberta em 2002 por causa do Caso Pavesi, que chegou a ser investigado na Câmara dos Deputados pela CPI do Tráfico de Órgãos Humanos, em 2004.
Carlos Henrique Marcondes, ex-administrador da Santa Casa, foi assassinado no dia exato de seu depoimento no Ministério Público sobre a atuação da máfia dos transplantes lotada no hospital.
Ele tinha gravado todas as conversas com os médicos envolvidos no tráfico de órgãos e pretendia entregar as fitas às autoridades. Antes de falar, Marcondes foi encontrado morto no próprio carro com um tiro na boca
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