Redação Pragmatismo
Meio Ambiente 21/Jun/2023 às 16:54 COMENTÁRIOS
Meio Ambiente

"Cemitério de roupas" do Atacama já pode ser visto do espaço

Publicado em 21 Jun, 2023 às 16h54

'Lixão' com roupas usadas no meio do Atacama já pode ser visto do espaço. Local já conta com 60 mil toneladas de peças e tem a aparência de um bairro à parte da cidade vizinha. A Organização das Nações Unidas classificou o local como "uma emergência ambiental e social" para o planeta.

Cemitério roupas deserto Atacama já pode ser visto espaço
Calcula-se que 300 hectares do deserto do Atacama estejam cobertos por lixo

De Nossa

Uma espécie de lixão com roupas usadas descartadas no meio do Deserto do Atacama tem crescido de maneira tão significativa que já pode ser visto do espaço, anunciou a empresa de monitoramento via satélite SkyFi.

De acordo com a revista de moda Dazed, o campo em Alto Hospicio, no Chile, já conta com 60 mil toneladas de peças e tem a aparência de um bairro à parte da cidade vizinha, Iquique, que tem população de 191.468 habitantes.

Marcas de fast fashion, com suas roupas ultrabaratas e de alta rotatividade no mercado, seriam as responsáveis pelo aumento descontrolado do depósito no meio das areias do deserto mais alto do mundo. A Organização das Nações Unidas classificou o local como “uma emergência ambiental e social” para o planeta.

A SkyFi salientou que as imagens mostram a realidade dos alertas que já circulam online sobre os perigos do consumo desenfreado motivado por tendências voláteis. “O tamanho da pilha [de roupas] e a poluição que está causando são visíveis do espaço, o que torna claro que existe a necessidade de mudança na indústria da moda. Nossa missão de tornar os dados de observação da Terra fáceis e transparentes é vital para identificar e gerenciar problemas como este”.

As notícias do Pragmatismo são primeiramente publicadas no WhatsApp. Clique aqui para entrar no nosso grupo!

Ainda de acordo com a Dazed, 59 mil toneladas de roupas chegam da Europa, Ásia e América do Norte ao norte do Chile todos os anos. Uma boa parte é comprada por quem negocia moda de segunda mão — o lixão também atrai migrantes e mulheres das comunidades pobres locais que buscam peças para vender ou vestir, informou a AFP.

No entanto, nem mesmo este fluxo impede que o local cresça em detritos. As roupas também não podem ser enviadas para lixões municipais porque não são biodegradáveis e frequentemente contém produtos químicos tóxicos, conforme esclareceu Franklin Zepeda, fundador da Ecofibra, empresa que trabalha com reuso de produtos têxteis na fabricação de painéis de isolamento.

Assim, elas acabam jogadas no meio do deserto. As Nações Unidas estimaram em 2018 que a indústria de fast fashion seja responsável por entre 2% e 8% de todas as emissões de carbono do mundo. Quase 85% de todos os materiais têxteis produzidos vão parar em lixões todos os anos, noticiou ainda o site Insider.

Seus compostos terminam poluindo não só o ar, como a água de canais locais. A região próxima a Iquique, no Chile, se tornou um imã para este tipo de prática por ser uma zona livre de impostos e por materiais têxteis não serem considerados lixo segundo a legislação local.

A Dazed também salienta que apenas 15% das roupas que são despejadas no Atacama através do porto de Iquique são usadas — 85% nunca foram vestidas por ninguém e são apenas descartadas pelas empresas. A região já sofre com incêndios que contaminaram com gases tóxicos das fibras sintéticas os bairros da cidade vizinha, forçando moradores a se manterem fechados dentro das casas por medo de contaminação.

Leia também: “É outro planeta”, dizem cientistas que desceram na inexplorada fossa do Atacama

Embora com menos detalhes, os entornos do lixão já podem ser acompanhados também através do Google Earth.

Acompanhe Pragmatismo Político no Instagram, Twitter e no Facebook

Recomendações

COMENTÁRIOS