Bolsonaristas acusam filho de Moraes com base em "testemunha" que não estava no local
Bolsonaristas acusam filho de Moraes de agressão com base em "testemunha" que não estava no local. O site que divulgou a notícia atribui o relato a um perfil de Facebook de um morador de BH. Com medo de ser processado, o próprio usuário nega que tenha presenciado o caso e disse que somente compartilhou um texto apócrifo que recebeu no WhatsApp. Boato foi amplificado nas redes por políticos e influenciadores de direita
Agência Estado
Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) estão compartilhando que uma testemunha revelou que o filho de Alexandre de Moraes teria agredido idoso no aeroporto de Roma, na Itália.
A notícia é falsa. O site que divulgou a informação atribui o relato a um perfil de Facebook de um morador de Belo Horizonte, Minas Gerais. Mas o próprio usuário depois negou que tenha presenciado o caso e disse que somente compartilhou um texto apócrifo que recebeu.
Até o momento, a Polícia Federal (PF) ouviu três pessoas acusadas de participar da discussão — sendo uma delas um empresário suspeito de agredir o filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e não o contrário.
Após a PF ter acesso às imagens do circuito interno de câmeras do aeroporto de Roma, o advogado de defesa admitiu que o empresário Roberto Mantovani Filho “empurrou ou deu um tapa” em uma pessoa em meio a uma confusão. Nenhum dos envolvidos mencionou qualquer agressão por parte do filho de Moraes desde que o caso veio à tona.
SOBRE O BOATO
A notícia falsa foi compartilhada pelo site ‘Hora Brasília’ e foi amplificado nas redes sociais por aliados e simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO).
O texto alega que um homem chamado João Candido Costa Neto “estava no voo de Roma para Guarulhos” e teria apresentado “uma nova versão para os fatos”. Não teria sido o empresário Roberto Mantovani Filho quem agrediu o filho de Alexandre de Moraes, e sim este teria derrubado por duas vezes o idoso, “sob a presença de dezenas de testemunhas na fila do voo”.
Ocorre que o próprio perfil citado pelo site negou que tenha presenciado os fatos em uma “nota de esclarecimento” postada em sua conta. “Desejo esclarecer que eu não fui testemunha do fato, pois não estava na capital italiana. Eu repostei o que vi na internet e infelizmente não corrigi o post que estava na primeira pessoa dando, de fato, a impressão de que fui testemunha ocular. A todos peço desculpas pelo lamentável engano”.
O texto circula, sem indicação de autoria, ao menos desde a tarde de domingo, 16 de julho, no Facebook. Alguns usuários atribuem o post a uma pessoa de nome “Marcela”, que seria dona de uma empresa chamada Labclin.
Além da ausência de indicação de quem seria a suposta testemunha, o próprio relato apresenta trechos duvidosos. Narra que as três pessoas, incluindo Roberto Mantovani, não teriam reagido mesmo depois de serem “empurradas com força” e de o empresário ter ficado “todo machucado”. Mantovani teria prometido ainda mostrar “a todo mundo” o estado em que se encontrava. A versão não foi corroborada por nenhum dos três suspeitos ou pelo advogado que os representa.
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