Assassinos de Marielle foram avisados na véspera sobre ação policial em 2019: "Vai ter operação"
Marielle foi assassinada em 2018. Em 2019, Jair Bolsonaro assumiu a Presidência e a investigação do caso não prosperou, com diversas trocas de delegados e falsas informações plantadas para dificultar a apuração. Mensagens mostram que Ronnie Lessa, Élcio e Suel foram informados sobre operação contra eles na véspera
Os assassinos da vereadora Marielle Franco foram avisados por um policial militar sobre a operação que, em 2019, prendeu os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Queiroz. As informações são da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Lessa foi apontado como autor dos disparos que mataram Marielle e o motorista Anderson Gomes. Élcio foi quem dirigiu o carro usado no ataque ao carro onde estava a vereadora . Os dois foram presos em ação da Polícia Civil e do MPRJ em 12 de março de 2019 — um ano após o crime.
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No dia 11 de março de 2019, uma pessoa identificada como Jomar Duarte, o Jomarzinho, avisou ao PM Maurício Conceição, o Mauricinho, de que no dia seguinte haveria uma “operação Marielle” e que pessoas seriam presas.
Mauricinho, por sua vez, repassou a informação a Maxwell Simões Corrêa, o Suel, ex-bombeiro também envolvido no caso. Mauricinho também procurou contato com Ronnie Lessa para avisá-lo da operação por meio do aplicativo de conversas secretas Confide.
Naquele mesmo dia, Suel avisou a Ronnie Lessa sobre a operação, que, por sua vez, alertou Élcio. Na época, o envolvimento de Suel ainda não era conhecido e ele não foi alvo da operação.
Ronnie, que era alvo, tentou fugir. Élcio Queiroz, mesmo avisado pelo colega, não considerava que seria visado na operação, conforme as investigações.
Investigação não prosperou com Bolsonaro na Presidência
Marielle Franco morreu meses antes de Jair Bolsonaro assumir a Presidência da República. A investigação do caso não prosperou, uma vez que os envolvidos no crime possuem relações com a ex-família presidencial.
Ainda em 2019, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, foi alvo de uma operação da PF que investigava o assassinato de Marielle.
A denúncia da Procuradoria Geral da República sustentou que Brazão utilizou o policial federal aposentado Gilberto Ribeiro da Costa, que era funcionário de seu gabinete no TCE-RJ, para atrapalhar as investigações do caso, plantando uma testemunha falsa, que era o PM Rodrigo Ferreira, o Ferreirinha.
Na ocasião, Brazão negou os fatos. Em março de 2023, a Justiça rejeitou denúncia de obstrução de justiça contra ele. Vários delegados que investigavam o caso foram afastados ao longo dos anos.
A delação de Élcio
Na delação, Élcio disse ainda que o ex-bombeiro Suel fez campanas para vigiar a vereadora e participaria da emboscada, mas acabou trocado por ele. No depoimento, já homologado pela Justiça, Élcio confessou que dirigiu o carro Cobalt prata usado na noite do atentado contra Marielle. Élcio também afirmou que foi Ronnie, vizinho de Jair Bolsonaro, quem fez os disparos com uma submetralhadora.
ENTENDA AS NOVIDADES DO CASO MARIELLE:
1. PF encontra provas do plano para matar Marielle e ex-PM admite participação no crime
2. Homem que intermediou contratação de Ronnie Lessa foi executado em 2021