Mulher que se identificou como médica e disse que "odeia pretos" não tem registro no CRM
“Amanda Ornela, médica, caça aí o CRM. Odeio preto. Sou obrigada a gostar? Racismo não dá cadeia...”. Durante bate-boca, a mulher ainda tentou intimidar as pessoas afirmando ser “casada com miliciano”. Vítima chorou: “Muito mal por não ter a quem recorrer, de saber que tem gente que acha que não podemos prosperar devido a nossa cor”
Em um vídeo que circula nas redes sociais, uma mulher chamada Amanda Ornela destila racismo contra um jovem negro em uma lanchonete do McDonald’s no Rio de Janeiro. Segundo informações do G1, o caso ocorreu na madrugada desta segunda-feira (31), no bairro de Campo Grande. O nome da vítima é Mattheus da Silva Franco.
Durante o bate-boca, a mulher disse que “odeia pretos” e se identificou como médica. Na tentativa de intimidar as pessoas, Amanda Ornela ainda afirmou ser “casada com um miliciano”.
Caso de Racismo no Mc Donalds da Avenida Cesário de Melo em Campo Grande . pic.twitter.com/udNnZQY0i7
— Informe RJO (@InformeRJO) July 31, 2023
A Polícia agora pede que ela apresente o registro profissional de médica, que não foi encontrado pelo Conselho de Medicina (Cremerj), e explique a afirmação de que ela seria mulher de um criminoso – “Casada com milícia! Beijo!”, debochou.
Amanda também aparece dizendo, sem nem se preocupar com a filmagem, que “odeia preto”. Disse ainda que “racismo não dá cadeia” – ao contrário do que diz a lei.
Um inquérito foi registrado com base na nova lei de racismo, sancionada pelo presidente Lula, que equipara o crime de injúria racial ao de racismo, que é inafiançável e imprescritível.
Antes da lei, a pena para injúria racial era de reclusão de um a três anos e multa. Com sanção da nova lei, a punição passa a ser prisão de dois a cinco anos. A pena será dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas.
Para Rodrigo Mondego, da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as imagens são prova suficiente do crime e Amanda deveria ter sido presa em flagrante e que vai acompanhar para que o crime seja “melhor qualificado”.
“Desde janeiro desse ano, a injúria por preconceito, injúria racial, é equiparada ao crime de racismo, ela já está dentro da lei de racismo. Configura um crime inafiançável, imprescritível, e no caso houve uma flagrância. Era flagrante que ela cometeu aquele crime, ela deveria ser presa”, afirmou o advogado.
Vítima de racismo
A vítima do racismo é o jovem Mattheus da Silva Francisco, de 22 anos. “A gente parou ao lado dela pra fazer pedido de lanche porque não tinha fila. A atendente nos atendeu antes dela. Aí, ela se revoltou contra a gente e começou a insultar a gente. Disse que eu era preto, que eu não conseguia chegar a nenhum lugar devido à minha cor e o lugar onde eu moro”, contou.
Em meio à confusão na lanchonete, Mattheus se isolou num canto, observando e chorou. “Muito mal de não poder fazer alguma coisa no momento e não ter a quem recorrer. Nunca pensei em passar por uma situação dessas. Mais um desgosto de saber que existem pessoas que acham que a gente não tem capacidade de chegar em lugares grandes devido à nossa cor”, disse.
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