Nova onda de overdoses de fentanil mata 300 por dia nos EUA; bebê morreu após contato com tapete de creche
300 mortes por dia: nova onda da epidemia de fentanil devasta a maior economia do planeta. Neste ano, os EUA testemunharam um marco sombrio: pela primeira vez, as overdoses mataram mais de 100 mil pessoas em todo o país num único ano; dessas, 66% estão ligadas ao fentanil. Prefeito de Nova York fez desabafo: “Nós simplesmente nos tornamos tão confusos como sociedade. Precisamos nos recompor. Não sei o que há de errado conosco”
Uma nova onda da epidemia de opioides es espalha nos Estados Unidos e já mata cerca de 300 pessoas por dia. Neste ano, pela primeira vez, as overdoses mataram mais de 100 mil pessoas na maior economia do planeta. Dessas mortes, mais de 66% estavam ligadas ao fentanil, um opioide sintético 50 vezes mais poderoso que a heroína.
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O fentanil é um produto farmacêutico que pode ser prescrito por médicos para tratar dores intensas. Mas a droga também é fabricada e vendida por traficantes.
Em 2010, menos de 40 mil pessoas morreram por overdose de drogas em todo o país, e menos de 10% dessas mortes estavam ligadas ao fentanil. Naquela época, as mortes eram causadas principalmente pelo uso de heroína ou opioides prescritos por profissionais de saúde.
A mudança de cenário é detalhada num estudo divulgado recém-publicado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).
O trabalho examina as tendências nas mortes por overdose no país entre 2010 e 2021, utilizando dados compilados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.
Praticamente todos os cantos dos EUA — do Havaí a Rhode Island — foram tocados pelo fentanil. “O aumento do consumo de fentanil fabricado ilicitamente deu início a uma crise sem precedentes”, escreveram os autores do artigo.
Há seis anos, Sean morreu de uma overdose acidental por fentanil em Burlington, no Estado de Vermont. Ele tinha 27 anos. “Cada vez que ouço falar de uma perda devido ao abuso de substâncias, meu coração se parte um pouco mais”, escreveu a mãe dele, Kim Blake, em um blog dedicado ao filho. “Mais uma família despedaçada. Sempre de luto pela perda de sonhos e celebrações”.
Blake, que também é médica, disse que seu filho usava cocaína esporadicamente, embora o exame toxicológico tenha encontrado apenas fentanil em seu organismo.
Morte de bebê em Nova York
Nicholas Dominici, uma criança de 1 ano, morreu por overdose de fentanil em Nova York na última sexta-feira (15/09). A polícia acredita que o contato dele com a droga tenha acontecido através do tapete de cochilo utilizado por ele no centro para crianças em que ficava durante o dia.
Outras três crianças entre 8 meses e 2 anos foram internadas no hospital após serem expostas ao narcótico. O centro para crianças, localizado no bairro do Bronx, funcionava em um apartamento e recebia crianças de 8 meses a 12 anos.
A dona do local, Grei Mendez, e um homem que alugava um quarto dela, Carlisto Acevedo Brito, foram alvo de acusações por conspiração e assassinato.
Nas inspeções da polícia, 1 kg de fentanil foi encontrado armazenado em cima de tapetes de cochilo usados por crianças que frequentavam o local. Uma prensa para drogas também foi confiscada no quarto alugado por Carlisto.
A defesa de Grei afirma que ela entrou em pânico após encontrar as crianças supostamente sob efeito de drogas e só falou com o marido por 10 segundos antes de ligar para a polícia.
Durante um discurso para tratar de outros assuntos, o prefeito de Nova York, Eric Adams, fez questão de falar sobre a tragédia. “Nós simplesmente nos tornamos tão confusos como sociedade. Precisamos nos recompor”, disse ele. “Não sei o que há de errado conosco. Tínhamos fentanil em uma local para crianças”
Todas as classes
A crise dos opioides tem sido tradicionalmente retratada como um “problema dos brancos”, destaca Chelsea Shover, professora assistente da UCLA e coautora do estudo.
No entanto, o estudo recente revelou que os afro-americanos estão morrendo ao combinar fentanil e estimulantes a taxas mais elevadas, em todas as faixas etárias e limites geográficos.
O abuso de fentanil em combinação com outras drogas marca o início de uma “quarta onda” da crise nos EUA, avaliam os pesquisadores.
A primeira onda de overdoses aconteceu no final dos anos 1990, com mortes por opioides com prescrição médica. Em 2010, houve uma segunda onda de overdoses, dessa vez causadas por heroína. E em 2013, surgiu uma terceira onda, graças à proliferação de drogas ilícitas análogas ao fentanil.
Especialistas como a professora Shover alertam que as opções de tratamento para a quarta onda não acompanham a demanda. “Nosso sistema de tratamento contra dependência geralmente se concentra em uma droga de cada vez”.
com informações da Reuters e da BBC
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