"Esta noite a humanidade andou um passo para trás", disse prisioneiro executado por asfixia por nitrogênio
Advogados tentaram reverter a execução até o último momento, mas a Suprema Corte dos EUA negou os recursos e determinou que a operação prosseguisse. Cinco jornalistas foram autorizados a acompanhar o procedimento através de um vidro. Eles relataram uma cena de horror, com o prisioneiro consciente e agonizando, se debatendo por vários minutos. Antes da execução, autoridades disseram que Smith ficaria inconsciente em poucos segundos, o que não aconteceu
O prisioneiro Kenneth Eugene Smith, de 58 anos, foi executado no Alabama (EUA) na noite desta quinta-feira (25) por asfixia por nitrogênio. É a primeira vez que esse método de execução é utilizado naquele país.
O caso ganhou repercussão e foi alvo de questionamentos por órgãos que defendem os direitos humanos. “Esta noite o Alabama fez a humanidade andar um passo para trás”, disse Smith em um dos seus últimos comunicados.
Os advogados de Smith tentaram reverter a execução até o último momento. No entanto, a Suprema Corte dos Estados Unidos negou os recursos e determinou que a operação prosseguisse.
Smith recebeu a última refeição na manhã de quinta-feira. De acordo com as autoridades penitenciárias, ele comeu bife, batatas fritas e ovos. A execução começou às 19h53, pelo horário local. Cinco jornalistas foram autorizados a acompanhar o procedimento através de um vidro. Parentes do prisioneiro também estavam no local.
Antes do início da execução, Smith fez uma declaração final afirmando que a humanidade estava dando um passo para trás, em referência ao método usado para a morte. Ele também mandou um recado para os parentes: “Vou embora com amor, paz e luz”, disse ele, segundo uma das testemunhas. “Amo todos vocês”. Smith foi declarado morto às 20h25.
Para a execução, os agentes colocaram uma máscara no rosto de Smith, fazendo com que ele inalasse gás nitrogênio puro. Isso resultou em uma morte por falta de oxigênio.
Os jornalistas que acompanharam o procedimento afirmaram que o prisioneiro pareceu consciente por vários minutos, começando a tremer na sequência. As testemunhas disseram ainda que Smith se contorceu na maca em que estava por cerca de dois minutos. Depois, ele começou a respirar fundo, até que começou a desacelerar.
Antes da execução, autoridades do Alabama disseram em documentos judiciais que esperavam que Smith ficasse inconsciente em menos de um minuto e morreria pouco depois. No entanto, segundo as testemunhas, esse cenário não se concretizou.
RELEMBRE O CASO
Smith foi um dos dois homens condenados pelo assassinato sob encomenda da esposa de um pastor evangélico, em 1988. Os promotores disseram que Smith e o outro homem receberam US$ 1 mil do pastor para matar Elizabeth Sennett a mando de seu marido, que estava profundamente endividado e queria receber um seguro. John Forrest Parker, o outro homem condenado no caso, foi executado por injeção letal em 2010. O marido de Sennett cometeu suicídio quando a investigação do assassinato se concentrou nele como suspeito, de acordo com documentos judiciais.
Antes da execução de Smith, veterinários nos EUA e em toda a Europa afirmaram que o método de asfixia por nitrogênio é inaceitável como forma de eutanásia para os animais, por razões éticas. A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou em janeiro que seus especialistas se preocupam que o método pode levar a sofrimento grave, de acordo com informações do NPR.