Julian Assange não comparece a julgamento sobre extradição
O motivo da ausência do fundador do WikiLeaks, segundo o advogado do caso, é uma doença não especificada; na semana passada, a esposa de Assange já havia mencionado a saúde debilitada do ativista
Carta Capital
O julgamento para decidir sobre o último recurso de Julian Assange contra sua extradição para os Estados Unidos começou nesta terça-feira (20) em Londres, sem a presença do fundador do WikiLeaks, que está doente, segundo seu advogado.
“Ele não está bem hoje, ele não vai comparecer”, declarou o advogado Edward Fitzgerald no início da audiência no Tribunal Superior de Justiça de Londres.
O julgamento
Dois magistrados do Tribunal Superior de Justiça de Londres examinarão durante dois dias a decisão da justiça britânica que, em 6 de junho do ano passado, negou a Assange o direito de recorrer contra sua entrega aos Estados Unidos.
Em entrevista ao canal BBC na segunda-feira, a esposa do réu, Stella Assange, disse que se ele perder nesta audiência, “não terá mais nenhuma possibilidade de apelação” no Reino Unido.
Assange ainda teria, no entanto, um último recurso a ser julgado no Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH), afirmaram seus apoiadores em dezembro.
Na semana passada, Stella já havia alertado sobre o estado de saúde de Julian.
“A saúde dele está piorando, física e mentalmente. A vida dele corre perigo a cada dia que permanece na prisão e, se for extraditado, ele vai morrer”, afirmou na quinta-feira em uma entrevista coletiva na capital britânica.
Detido desde 2019
A extradição do australiano de 52 anos é solicitada pela justiça dos Estados Unidos por ter publicado, desde 2010, mais de 700.000 documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas de Washington, em particular no Iraque e Afeganistão.
Se a extradição for aprovada, Assange pode ser condenado a várias décadas de prisão nos Estados Unidos.
Assange foi detido pela polícia britânica em 2019, depois de passar sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, onde buscou refúgio para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia.
O australiano está há quatro anos na penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, no leste de Londres.
A campanha ‘Free Assange’ o apresenta como um mártir da liberdade de imprensa.
O governo britânico aceitou em junho de 2022 sua extradição, mas Julian Assange apresentou um recurso, o que adiou a entrega à justiça americana.
A justiça britânica autorizou a extradição depois que o governo dos Estados Unidos informou que ele não seria enviado para a penitenciária de segurança máxima ADX, em Florence (Colorado), chamada de “Alcatraz das Montanhas Rochosas”.
“Julian será colocado em um buraco tão profundo que nunca mais o veremos”, alertou Stella Assange na quinta-feira.
No mesmo dia, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, criticou a perseguição prolongada contra Assange.
O Parlamento australiano aprovou na semana passada uma moção, apoiada pelo primeiro-ministro, que pede o fim da perseguição contra Assange, para que ele possa retornar com sua família à Austrália.
Relatório da ONU
No início de fevereiro, a relatora especial da ONU sobre a tortura, a advogada australiana Alice Jill Edwards, pediu ao governo britânico a “suspensão da iminente extradição de Julian Assange”.
“Ele sofre há muito tempo de transtorno depressivo periódico e existe o risco de suicídio”, disse Edwards.
“O risco de que ele seja mantido em regime de isolamento, apesar da sua saúde mental precária, e de que a sua sentença possa ser desproporcional levanta a questão de saber se a extradição seria compatível com as obrigações internacionais do Reino Unido em matéria de direitos humanos”.
Em um comunicado conjunto divulgado na semana passada, as federações internacional e europeia de jornalistas afirmaram que “os processos em curso contra Assange comprometem a liberdade de imprensa em todo o mundo”.
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