Lucio Massafferri Salles
Colunistas 02/Mar/2024 às 17:11 COMENTÁRIOS
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Noite de glória e de forra

Lucio Massafferri Salles Lucio Massafferri Salles
Publicado em 02 Mar, 2024 às 17h11

A noite de 29 de fevereiro de 2024 deu palco para mais um acontecimento, com roteiro épico, que entra para a história do Fluminense Football Club.

Fernando Diniz ergue a taça da Recopa Sul-Americana – Foto: Lucas Merçon/Fluminense
Fernando Diniz ergue a taça da Recopa Sul-Americana – Foto: Lucas Merçon/Fluminense

Lucio Massafferri Salles*, Pragmatismo Político

A noite de 29 de fevereiro de 2024 deu palco para mais um acontecimento, com roteiro épico, que entra para a história do Fluminense Football Club.
Em um Maracanã lotado, com o recorde de público (2024) de 61.250 presentes, o Fluminense conquistou a taça da Recopa Sul-Americana em cima da LDU do Equador.

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O Tricolor das Laranjeiras venceu seu ex-algoz com um 2 x 0 expressivo, mesmo terminando o jogo com um jogador a menos em campo (Jonh Kennedy foi expulso aos 34 do segundo tempo e mais dois jogadores, Diogo Barbosa e Samuel Xavier, foram expulsos do banco de reservas). Mesmo ainda não apresentando o futebol vistoso e envolvente do ano de 2023, o Fluminense usou com coragem, a força do seu hoje reforçado elenco para sufocar a LDU em seu campo. Claro, provavelmente nada disso teria funcionado da maneira como foi se o time não tivesse sido empurrado pelo canto incessante de sua apaixonada torcida: “louca da cabeça”.

Etarismo, clubismo e futebol

Ainda havia alguma tristeza nos corações tricolores por não terem conquistado a Libertadores, em um também ano bissexto de 2008, assim como por terem em 2009 deixado escapar a taça da Copa Sul-Americana, para essa mesma LDU. E, nessa noite de quinta-feira/29, a tristeza se transformou em alegria e gratidão. Em uma sequência de poucos meses, o Fluminense venceu a Libertadores, no Maracanã, derrotando o gigante do futebol mundial, Boca Juniors, e agora é o único time da América a vencer a Recopa Sul-Americana e a Libertadores dentro de casa.

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Em uma noite em que a coragem de todo o time de Fernando Diniz desfilou vestida de gala, damos destaque para o cracaço John Arias. Arias foi o autor dos 2 gols da conquista dessa Recopa. E vale destacar, também, a entrada decisiva em campo de Douglas Costa, Renato Augusto e de Marcelo, por volta dos 20 minutos do segundo tempo. Com essas substituições, Diniz selou o que foi mais uma vitória para ser registrada nas memórias de milhões de tricolores.

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Cabe apontar outras duas coisas, sobre essa final. Nos embates de “narrativas” entre torcedores rivais, influencers de clubes e os já conhecidos jornalistas-torcedores, ouviu-se e leu-se, aqui e ali, a falácia de que a Recopa é uma competição hierarquicamente inferior às outras duas competições sul-americanas que compõe o que se chama de “tríplice coroa”: a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana. A realidade é que, mesmo composta por 2 jogos de enfrentamento entre 2 times, a Recopa representa um grau acima de dificuldade da Copa Sul-Americana, simplesmente.

O motivo: para disputar a Recopa é necessário que, meses antes, os dois times qualificados tenham jogado e vencido as etapas de grupo (6 jogos), oitavas de final (2 jogos), quartas (2 jogos), semi (2 jogos) e finais das outras duas competições. Sem isso, não há como um clube jogar a Recopa.

Dinizismo combate o etarismo

Para finalizar, ainda se ouve sair da boca de alguns profissionais da imprensa esportiva, determinadas críticas depreciativas etaristas, com ares de galhofa, direcionadas a atletas do futebol em franca atividade. Na coletiva pós-jogo, Fernando Diniz destacou essa infantilidade que uma parte da nossa mídia que cobre o futebol ainda curte alimentar (alguns, talvez, para gerar conflito na Rede e likes para seus canais. Outros, porque nada sabem sobre bola mesmo). Afinal, só um torcedor incomodado é capaz de sustentar o mico de censurar uma entrada em campo de craques como Marcelo, Renato Augusto e Douglas Costa.

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Em outro momento, buscarei tocar em pontos que talvez ajudem a pensar em que sentido esse empobrecimento da imprensa esportiva, que se mesclou a um recorte de entretenimento de baixo nível, pode estar vindo há tempos corrompendo duas das principais raízes da atividade jornalística: a busca pela verdade e a veiculação da correta informação.

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*Lucio Massafferri Salles é filósofo, psicólogo e jornalista (membro da Associação Brasileira de Imprensa). Doutor e mestre em filosofia pela UFRJ, especialista em psicanálise pela USU, realizou o seu estágio de Pós-Doutorado em Filosofia Contemporânea na UERJ. É criador do canal FluPress (YouTube).

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