Policiais que sabiam do plano de golpe para manter Bolsonaro no poder são presos pela PF
"Porra do decreto". Quebra de sigilo revela que dois policiais que integravam Abin paralela sabiam do plano para um golpe de Estado que tinha como objetivo manter Jair Bolsonaro no poder, independentemente do resultado democrático das urnas. Os dois foram presos hoje
Mariana Andrade e Manoela Alcântara, Metrópoles
Em uma troca de conversas entre dois investigados na “Abin Paralela” em dezembro de 2022, um deles chega a questionar se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha assinado a “minuta do golpe”.
O policial federal Marcelo de Araújo Bormevet perguntou ao subordinado Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército Brasileiro, se Bolsonaro teria assinado a “porra do decreto” de intervenção.
O diálogo consta no processo que investiga a atuação ilegal da “Abin Paralela”. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), quebrou o sigilo dos autos nesta quinta-feira (11/7).
O PF e o militar estão entre os investigados pela Polícia Federal na 4ª fase da Operação Última Milha, que tem o objetivo de desarticular o esquema de espionagem ilegal da chamada “Abin Paralela”.
De acordo com as investigações, a organização criminosa se infiltrou na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), com o intuito de espionar adversários do clã Bolsonaro. O esquema ilegal ocorreu sem aval da Justiça e tinha como foco espionar autoridades, jornalistas e advogados durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Confira a troca de mensagens:
Bormevet: “O Nosso PR imbrochável já assinou a porra do decreto?”
Giancarlo: “Assinou nada. Tá foda essa espera, se é que vai ter alguma coisa”
Bormevet: “Tem dia que eu acredito que terá, tem dia que não”
Moraes ainda afirma que, uma vez que os policiais federais Bormevet e Carlos Magno de Deus Rodrigues tinham “relações diretas” com os canais de inteligência da Abin e da PF, eles teriam conhecimento sobre o planejamento da minuta do decreto de intervenção.
“BORMEVET e CARLOS MAGNO, reitere-se por oportuno, possuíam relações diretas com os canais de inteligência seja pelo exercício funcional na ABIN, seja na própria POLÍCIA FEDERAL. Assim, as referências relacionadas ao rompimento democrático declaradas pelos policiais é circunstância relevante que indica no mínimo potencial conhecimento do planejamento das ações que culminaram na construção da minuta do decreto de intervenção”, diz trecho do processo.
A “minuta do golpe”
A PF faz uma série de investigações sobre a suposta narrativa golpista promovida pela cúpula do governo Bolsonaro para manter o ex-presidente no poder. Segundo a corporação, a organização criminosa tentou fazer isso por meio de uma suposta tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
A corporação informou que o grupo tinha como objetivo impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em fevereiro, foram alvo da PF o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto; o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno; e os ex-ministros Braga Netto (Defesa e Casa Civil) e Anderson Torres (Justiça).
Os alvos da PF na investigação da “Abin Paralela”
O Metrópoles confirmou, até o momento, a prisão de:
1. Giancarlo Gomes Rodrigues; militar do Exército Brasileiro;
2 Mateus Sposito, ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) na gestão Bolsonaro;
3. Marcelo de Araújo Bormevet, policial federal; e
4. Richards Dyer Pozzer, empresário.
No momento, Rogério Beraldo de Almeida segue foragido, segundo o STF.
E os alvos de buscas e apreensão foram:
1. Giancarlo Gomes Rodrigues; militar do Exército Brasileiro;
2. Mateus Sposito, ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) na gestão Bolsonaro;
3. Marcelo de Araújo Bormevet, policial federal;
4. Richards Dyer Pozzer;
5. Rogério Beraldo de Almeida;
6. José Mateus Sales Gomes; e
7. Daniel Ribeiro Lemos.
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