Ascensão de Dilma em SP, RJ e MG leva pavor
Na verdade, cinco estados são decisivos à disputa, ao concentrarem 54,5% dos eleitores brasileiros: São Paulo (22,3%), Minas Gerais (10,7%), Rio de Janeiro (8,5%), Bahia (7%) e Rio Grande do Sul (6%). Até julho, segundo o Datafolha, Serra vencia em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Agora, perdeu o eleitorado mineiro para a Dilma – que já ostenta larga vantagem na Bahia e no Rio de Janeiro.
Como São Paulo é governado por tucanos há 16 anos e o candidato ao governo, Geraldo Alckmin (PSDB), está à frente nas pesquisas sem risco de segundo turno, algumas lideranças do partido defendem que o foco de Serra deve ser apenas Minas e Rio. Acreditam que ele terá muito mais facilidade para se recuperar no estado paulista na reta final da campanha.
A avaliação dos tucanos é de que, no caso de São Paulo, onde Alckmin tem 54% das intenções de votos e Serra, 41%, a tática é mobilizar prefeituras e colar as campanhas, estadual e nacional. No penúltimo levantamento Datafolha, divulgado no dia 23 de julho, Serra aparecia com 44% no estado, o qual governou até março deste ano. No Rio de Janeiro, Serra perdeu seis pontos percentuais e está com 25% das intenções de votos.
O PSDB acredita que manter o vice, Indio da Costa, com a tarefa de cabo eleitoral fixo de Serra no Rio ainda é a tática mais acertada, tendo em vista que os tucanos integram a chapa encabeçada por Fernando Gabeira, do PV. Este, por sua vez, pede votos a presidenciável verde Marina Silva. Em visitas ao estado, Serra tem enfatizado que a escolha por Indio é uma forma de dar prestigio ao Rio que, segundo pesquisas internas do partido, se sente desprestigiado no cenário político nacional.
Em Minas, Serra caiu quatro pontos percentuais em relação à última pesquisa e tem, agora, 34% das intenções de voto. Já Dilma subiu seis pontos, somando 41%. O candidato à reeleição ao Palácio da Liberdade, Antonio Anastasia tem 17% da preferência do eleitorado. Tucanos ligados a Serra dizem que a pesquisa forçaria o ex-governador Aécio Neves a pedir votos ao presidenciável de seu partido, considerando que isto daria crescimento a Anastasia ante Hélio Costa, do PMDB.
Embora defendam que as eleições serão definidas na televisão, membros da coordenação já começam a alertar para a necessidade de produzirem mais fatos políticos que fidelizem as bases parlamentares. Tudo para disseminarem a campanha presidencial e contribuírem para que Serra esteja presente nas mídias locais.
Diante do novo cenário eleitoral, o deputado federal Jutahy Magalhães (PSDB-BA) avalia ser preciso “botar fermento onde tem massa”. Ou seja, segundo ele, o seu partido deve buscar crescer nos estados onde o ambiente é propício. “Tem lugares onde estamos aquém do que poderíamos, tendo em vista que os cenários são favoráveis ao nosso crescimento em intenções de votos”, afirmou.
Lideranças do partido acreditam que Serra não deve deixar de fazer suas viagens a estados onde enfrenta resistência nas intenções de voto. Contudo, a escolha das cidades será por núcleos, onde avaliem ser favoráveis ao tucano. Como foi o caso de Imperatriz, no Maranhão, em Vitória da Conquista, na Bahia, ou em Nova Iguaçu, baixada fluminense.
A estratégia de marketing, no entanto, não será alterada. Serra continuará a se apresentar como um homem de origens simples e tentará transformar as questões macro em assuntos mais palatáveis à população. Por enquanto, essa tática se revelou mal-sucedida.