Redação Pragmatismo
Mundo 26/Mar/2014 às 11:22 COMENTÁRIOS
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Egito condena 529 pessoas à morte de uma só vez

Publicado em 26 Mar, 2014 às 11h22

Tribunal condena à morte 529 membros da Irmandade Muçulmana no Egito. Os condenados haviam participado dos protestos contra o golpe militar que depôs o presidente eleito, Mohammed Mursi, em agosto de 2013

Um tribunal egípcio condenou à morte 529 membros da Irmandade Muçulmana nesta segunda-feira (24/03), sob acusações de homicídio e outros crimes contra o governo. Presidido pelo juiz Said Youssef, o julgamento começou no sábado (22/03) na cidade de Minya, ao sul do Cairo, e absolveu 16 partidários.

O veredicto representa a maior condenação em massa à pena capital na história moderna do Egito, segundo advogados envolvidos no caso, e deve contribuir para um aumento na instabilidade do país. “Este é o processo mais rápido e o número de sentenciados à morte é o maior na história do Judiciário”, afirmou um dos advogados de defesa dos líderes da Irmandade Nabil Abdel Salam, àReuters. Os mais de 500 condenados podem recorrer.

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Apoiadores do ex-presidente egípcio Mohammed Morsi fazem protesto no Cairo nesta segunda-feira. Mais de 500 integrantes da Irmandade Muçulmana foram condenados à morte por acusações que incluem assassinato (Foto: Ahmed Abd El Latef, El Shorouk/AP)

A maioria dos detidos foi acusada de realizar uma série de ataques a edifícios do governo e vandalismo em delegacias – confronto em protesto pela violenta dispersão forçada pelos policiais em dois acampamentos da organização no Cairo no dia 14 de agosto de 2013.  Na ocasião, a maioria dos réus hoje havia sido presa.

Em protesto, simpatizantes dos condenados atearam fogo a uma escola nas proximidades da corte, informou a televisão estatal.  Para grupos de direitos humanos, as autoridades egípcias pretendem pressionar a oposição. “Um estudante de segundo ano na faculdade de direito jamais iria emitir este veredicto”, disse Mohamed Zaree, um dos diretores do Instituto para Estudos de Direitos Humanos do Cairo, à Reuters.

A turbulência no Egito ganhou novas proporções no dia 3 de julho, quando o Exército realizou um golpe militar contra o primeiro presidente democraticamente eleito da história do país, Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana. Desde então, milhares de seguidores do grupo foram detidos e dezenas deles condenados, mas até agora não a pena de morte não havia sido decretada.

A Irmandade Muçulmana foi fundada no Egito em 1928 com a intenção de defender os ensinamentos e as regras do Corão. É um grupo político e religioso de caráter fundamentalista que luta para estabelecer a sharia (leis islâmicas) na formulação dos estados árabes. Com atuação em cerca de 70 países do Oriente Médio, Ásia e África, a organização também tem como desígnio unificar os países de população muçulmana.

Atualização

Após a indignação pública internacional após a condenação à morte em massa de 529 apoiadores do presidente deposto Mohammed Mursi, a corte egípcia decidiu por adiar o julgamento de outros 683 supostos membros da Irmandade Muçulmana que ajudou a eleger Mursi, em 2013.

Um oficial do Departamento de Estado em Washington questionou a imparcialidade e validade da condenação à morte de mais de 500 pessoas em um julgamento que durou apenas dois dias: “Enquanto as apelações ainda são cabíveis, simplesmente não parece ser possível que um revisão justa das evidências e testemunhos consistentes com os padrões internacionais possam ter sido cumpridos com 529 réus em um julgamento de dois dias”.

Muitos advogados reclamaram não terem sido permitidos à apresentarem seus casos.

Opera Mundi

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