Aécio é alvo de bolinha de papel em São Paulo
Em São Paulo, Aécio desvia de temas polêmicos e é alvo de bolinha de papel atirada por uma pessoa não identificada, que gritou: “Vai privatizar a economia de outro"!
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência da República, não disse o que pretende fazer, caso eleito, em relação ao fator previdenciário, cuja extinção é uma das principais reivindicações dos trabalhadores, especialmente dos aposentados. “Recebi uma extensa pauta de reivindicação de 12 itens dos trabalhadores, representados pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, da Força Sindical. Todos esses temas serão debatidos por nós com absoluta transparência”, prometeu Aécio. “Essa questão e outras serão debatidas e avaliadas na sua extensão e nas suas consequências”, afirmou, em entrevista coletiva em São Paulo.
Quando começava a falar à imprensa, ele foi alvo de uma bolinha de papel atirada por uma pessoa, não identificada, que gritou: “Vai privatizar a economia de outro”!.
Questionado se conseguirá conciliar a ortodoxia da agenda fiscal com a agenda trabalhista se chegar ao Palácio do Planalto, novamente foi evasivo. “Temos que fazer isso com absoluta responsabilidade, e acho que sim, porque um dos objetivos maiores nossos, por exemplo, é acabar com a inflação”, repetiu. O pré-candidato vem falando da inflação em todos os eventos de que participa.
Segundo Aécio, sua principal agenda em prol dos trabalhadores é recuperar a indústria, fazer uma “política fiscal transparente, que resgate os empregos e os investimentos”. Mas ressalva: “Agora, faremos tudo com responsabilidade”. Não entrou em detalhes sobre o que quer dizer com “responsabilidade”.
O senador visitou o Sindicato dos Aposentados na manhã de ontem (5), onde foi recepcionado pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (Solidariedade-SP), presidente licenciado da Força Sindical, que voltou a usar expressões agressivas para se referir à presidenta Dilma Rousseff.
Aécio também comentou sobre a atual política de reajuste do salário mínimo. “Essa é uma conquista inexorável, que não é de um governo ou de um partido e não pode ser usada como instrumento de propaganda eleitoral”, afirmou. O senador diz que o sistema de reajuste será mantido, se for eleito. “Existe um projeto que foi assinado pelo líder do meu partido na Câmara dos deputados (Antonio Imbassahy-BA) que estende até 2019 o atual reajuste com base na inflação e a média do crescimento do PIB nos dois anos anteriores.”
Há uma semana, Aécio defendeu a flexibilização dos direitos trabalhistas para o segmento de turismo, após um encontro na Associação Comercial de São Paulo. “Temos que ter coragem de debater isso. Em determinados eventos e regiões, a falta de flexibilização no turismo tem levado à informalidade”, afirmou na ocasião. Ontem, no Sindicato dos Aposentados, desviou de pergunta a respeito. “Todos os direitos dos trabalhadores serão garantidos. Tenho na minha história o DNA de quem assinou a Constituição de 1988, que trouxe direitos fundamentais aos trabalhadores. Se houver alguma demanda de trabalhadores de determinado setor será discutida com eles, jamais contra eles”, prometeu.
O senador disse que uma das provas de que fará uma política favorável aos trabalhadores está no fato de ter convidado o ex-presidente do Sindicato dos Aposentados, João Batista Inocentini, para fazer parte da equipe que elabora seu programa de governo. Inocentini é dirigente do Solidariedade e membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Aécio também foi questionado sobre a política que tem para a terceira idade, considerando que o país tende a ter mais idosos nas próximas décadas, por conta do envelhecimento da população e a baixa taxa média de fecundidade, que é de 1,86 filho por mulher, segundo dados do IBGE de 2010. “É razoável que possamos discutir uma forma de o IBGE avaliar qual o aumento do custo de vida que impacta especificamente sobre aqueles com mais de 60 anos e buscarmos construir um novo cálculo no que diz respeito a pessoas de maior idade”, respondeu. “Estou disposto a construir essa discussão, mas no momento em que desaparelharmos o IBGE, para que ele possa fazer o que ele não faz hoje, um cálculo que envolva os aposentados e idosos.”
Eduardo Maretti, RBA