Ariano Suassuna morre aos 87 anos
Morre aos 87 anos Ariano Suassuna. Escritor nasceu na Paraíba, mas morava no Recife. É autor de peças teatrais, como O Auto da Compadecida, e de romances, como A Pedra do Reino
Morreu nesta quarta-feira, aos 87 anos, o escritor Ariano Suassuna. Ele estava internado no Real Hospital Português, no Recife desde o último dia 21.
Suassuna passou mal em casa, na noite de segunda-feira (21), e foi levado ao hospital por volta das 20h, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) do tipo hemorrágico.
Às 23h, terminou a cirurgia de emergência para a colocação de dois drenos, com o objetivo de controlar a pressão intracraniana provocada pelo AVC. Desde então, o escritor estava internado na UTI Neurológica.
No ano passado, o escritor sofreu um infarto, e dois dias depois de receber alta, deu entrada novamente no hospital por causa de um aneurisma cerebral.
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Na última sexta-feira (18), Ariano Suassuna participou de uma aula-espetáculo, no Festival de Inverno de Garanhuns, no agreste pernambucano.
O escritor, dramaturgo e poeta Ariano Suassuna, 87 anos, nasceu na Paraíba, mas morava no Recife.
Biografia
Em 1950, Ariano se forma na Faculdade de Direito e recebe o Prêmio Martins Pena pela peça “Auto de João da Cruz”. Tendo que lidar com uma doença no pulmão, volta a morar em Taperoá, onde escreve e monta o espetáculo “Torturas de um Coração”. Em 1952, retorna a Pernambuco e começa a advogar, no escritório do jurista e professor Murilo Guimarães, sem nunca abandonar as artes cênicas. Mas é em 1955 que Ariano escreve seu texto mais conhecido, “O Auto da Compadecida”. A história dos dois nordestinos, escrita em três atos, ganhou uma versão para os cinemas e foi traduzida e representada em nove idiomas diferentes.
Em janeiro de 1957 Ariano se casa com Zélia de Andrade Lima, com quem teve seis filhos. Nos anos seguintes, diversas de suas peças são montadas, como “O Casamento Suspeitoso” (1957), “O Santo e a Porca” (1958), “O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna” (1959), sendo a última premiada dez anos depois no festival Latino-Americano de Teatro.
Em 1959, também em companhia de Hermilo Borba Filho, funda o Teatro Popular do Nordeste, responsável pelas montagens de “A Farsa da Boa Preguiça” (1960) e “A Caseira e a Catarina” (1962), escritas por Ariano. Em 1967, torna-se membro fundador do Conselho Federal de Cultura, e em 1968, membro do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco. Em 1971, mostra seu talento na prosa, publicando o livro “Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”.
Foi um dos fundadores, em 1970, do Movimento Armorial, iniciativa voltada à criação de uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro, através de expressões culturais como música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema e arquitetura. Ao longo das décadas de 70 e 80, publica inúmeras obras, como “Farsa da Boa Preguiça e Seleta em Prosa e Verso” (1974) e “Iniciação à Estética” (1975), além de escrever novos espetáculos, como “As Conchambranças de Quaderna” (1987).
Em 1994, a peça “Uma Mulher Vestida de Sol” é adaptada para televisão, sob a direção de Luiz Fernando Carvalho. Em 1999, é a vez de “Auto da Compadecida” ganhar uma versão na TV, dirigida por Guel Arraes, também responsável pela versão nos cinemas, cuja estreia aconteceu um ano depois.
Desde 1990, Ariano Suassuna ocupa a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Manuel José de Araújo Porto Alegre, o barão de Santo Ângelo.
com informações de Jornal do Brasil