Cantor Seu Jorge fala de racismo e humilhações sofridas durante a infância
Para exemplificar as restrições impostas a alguns grupos sociais, o artista citou a propaganda, que dificilmente contrata um negro para ser o rosto de uma marca.
Não dá para fugir a uma conversa complexa com Seu Jorge. Mesmo questionado sobre música ou cinema, ele cita uma quantidade de nomes, lugares e histórias de impressionar. Imagine então quando a entrevista aborda temas sociais sérios do Brasil, sociedade, oportunidade e preconceito.
“Quando eu era criança, só tínhamos eu e meus irmãos de negros na escola. Naquela época não havia tolerância com a gente, nós éramos muito atacados, muito humilhados”, contou em entrevista ao Portal da Band.
O artista – que é cantor, compositor, ator e produtor – desejou inicialmente ser músico para se tornar popular no colégio, que tinha uma banda. Como ele escolheu um instrumento caro, o saxofone, esse sonho ficou interrompido até os 20 anos de idade.
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Neste meio tempo, ele trabalhou nas mais diversas áreas e passou um período morando na rua. A iniciação artística se deu através do violão, este sim um instrumento de fácil adesão, com o objetivo de fazer amizades. “Eu queria me socializar, falar com as pessoas. O violão me levou para o teatro, que contribuiu demais para o meu aperfeiçoamento como ser humano e profissional”, comentou.
A despeito das dificuldades, Seu Jorge superou o destino e morou dez anos fora do Brasil, lançou hits de sucesso – como “Burguesinha” e “Mina do Condomínio” -, atuou em diversos filmes e hoje tem uma carreira internacional. “Eu acredito no Brasil, eu acredito no povo brasileiro. As oportunidades estão escassas, sim, mas as coisas melhoraram pra mim, não é mesmo? Por que não podem melhorar para os outros?”, questionou.
Mesmo nesta posição otimista, ele admite que a sociedade está longe de ser igualitária e justa. “Se eu estou andando em um shopping chique, sou o Seu Jorge. Se eu e meu irmão andarmos em um shopping chique, somos dois negros”, disse.
“O racismo está aí. Aliás, não só o preconceito racial como também o social. Mas eu acredito que sonhar é fundamental”, acrescentou. Para exemplificar as restrições impostas a alguns grupos sociais, o cantor citou a propaganda, que dificilmente contrata um negro para ser o rosto de uma marca.
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