Al Qaeda se prepara para confrontar Estado Islâmico
Al Qaeda quer abrir nova frente na Índia e arredores. Uma das principais razões da expansão de rede terrorista é recuperação de importância no jihadismo para confrontar influência do Estado Islâmico
Em um vídeo de 55 minutos, o líder da Al Qaeda, Ayman el Zawahiri, anunciou na tarde da quarta-feira (03/07) a criação de um braço do grupo em parte da Índia, Mianmar e Bangladesh. Entenda alguns motivos que justificam a expansão da rede terrorista no subcontinente indiano:
1) Afronte ao rival Estado Islâmico
Apesar de ambas as organizações serem sunitas, o que pouca gente sabe é que elas são, na verdade, rivais. Nos últimos meses, o Estado Islâmico ganhou os holofotes da imprensa internacional e a preocupação dos Estados Unidos, deixando a Al Qaeda de escanteio. Como o Estado Islâmico tem se expandido para Iraque e Síria e – mais recentemente – tem tentado ampliar influência no Paquistão, a Al Qaeda poderia recuperar fôlego e mostrar poderio nas vizinhanças como resposta.
2) Há muitos muçulmanos na região
Ao contrário do que o senso comum reforça, há mais muçulmanos fora do Oriente Médio do que dentro dele. Pelo menos um bilhão vive na Ásia, sobretudo no sul e sudeste asiático. As quatro maiores populações muçulmanas estão na Indonésia, Paquistão, Índia e Bangladesh e cada um desses países é lar de 100 milhões de muçulmanos, segundo a organização EWI (Encountering the World of Islam).
3) Importância contestada
Fundada por Osama Bin Laden, a Al Qaeda teve influência questionada após a morte do líder, assassinado em maio de 2011 pelos Estados Unidos. Desde então, a rede terrorista reivindica autoridade sobre os jihadistas que lutam para restaurar um califado, o que foi eclipsado nos últimos tempos por novas organizações, como o próprio Estado Islâmico.
4) Susto no Ocidente
Além de querer recuperar respeito no mundo árabe, a Al Qaeda também tem o intuito de se auto afirmar como uma ameaça ao Ocidente. A proposta de se consolidar em uma nova porção de território colocou os governos em estado de alerta após a difusão do vídeo, segundo o Le Monde.
5) Oportunismo com tensões locais
Marcado pelo pluralismo, o subcontinente indiano apresenta tensões crescentes. Confrontos violentos entre muçulmanos bengalis e tribos indígenas no estado indiano de Assam, a discriminação que muçulmanos passam pelo governo autoritário de Mianmar e o próprio movimento separatista na Caxemira são alguns exemplos disso, aponta The Washington Post. Dessa maneira, o “oportunismo” de Zawahiri na região é justificado pela sua tentativa de conferir legitimidade, unidade e coerência aos muçulmanos na Ásia.
Patrícia Dichtchekenian, Opera Mundi