Torturador de Dilma é alvo de "escracho", mas segue vivendo impunemente
No presídio de Tiradentes e na sede do DOPS paulistano, Dilma foi submetida ao pau de arara, palmatória e choques elétricos. Uma vizinha atual de Maurício Lopes Lima afirmou que conhecia as atividades do tenente-coronel reformado, mas nunca quis manifestar-se por medo.
Por volta das 10h desta segunda-feira, 14, aconteceu o “escracho” contra o tenente-coronel reformado, Maurício Lopes Lima, em frente a sua residência no Guarujá. O ato foi organizado pelo Levante Popular da Juventude e fez parte de uma ação coordenada com outros estados brasileiros, com o objetivo de trazer à tona atrocidades cometidas durante a ditadura e pressionar o poder público para que os responsáveis sejam punidos.
Munidos de cartazes, pichações, faixas, imagens desenhadas e pintadas no asfalto da rua, os manifestantes deixaram claro que naquele endereço mora um torturador. Também foram distribuídos panfletos na vizinhança com a foto do militar e a descrição dos crimes cometidos por ele.
O militar da reserva chefiou equipes da OBAN (Operação Bandeirantes) e do DOI/Codi (Departamentos de Operações de Informação dos Centros de Operações de Defesa Interna). Lopes também é acusado de comandar as torturas que a presidenta Dilma Rousseff sofreu em 1970. No presídio de Tiradentes e na sede do DOPS paulistano, Dilma foi submetida ao pau de arara, palmatória e choques elétricos.
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Em depoimento escrito clandestinamente na prisão, em 1970, o preso político Frei Tito, na época com 24 anos, relata como se deu o seu encontro com o militar. “Fui levado do presídio Tiradentes para a “Operação Bandeirantes”, OB (Polícia do Exército), no dia 17 de fevereiro de 1970, 3ª feira, às 14 horas. O capitão Maurício veio buscar-me em companhia de dois policiais e disse: “Você agora vai conhecer a sucursal do inferno”. Algemaram minhas mãos, jogaram me no porta-malas da perua. No caminho as torturas tiveram início: cutiladas na cabeça e no pescoço, apontavam-me seus revólveres”.
Uma vizinha de Lopes afirmou que conhecia as atividades do tenente-coronel reformado, mas não quis manifestar-se por medo.
O site do Levante Popular da Juventude publicou uma matéria com a cobertura do ato e republicou uma entrevista da presidenta Dilma Rousseff, concedida em 2003 ao jornalista Luiz Maklouf Carvalho, da Folha de S.Paulo, sobre as torturas sofridas por ela na ditadura.
Renato Rovai, em seu blog