Candidata que defende desmilitarização da PM sofre racismo e agressão
“Dissolve a PM agora sua prostituta. Sua negra vagabunda”. Candidata ao governo de Minas Gerais ainda levou um soco na barriga uma cusparada por defender a desmilitarização da PM no Brasil
A candidata ao governo de Minas Gerais Cleide Donária (PCO), de 43 anos, foi vítima de agressões e racismo durante uma agenda no último dia 14 de setembro, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte. A agressão teria partido de um homem ainda não identificado, que discordaria de algumas das propostas de desmilitarização da Polícia da candidata.
Segundo informações do jornal O Estado de Minas, Cleide caminhava em direção à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Venda Nova, onde se encontraria com companheiros de campanha. Ela acabou abordada no canteiro central de uma avenida e recebeu um soco na barriga. Mas o pior viria a seguir.
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“Cadê seu partidinho de m… para dissolver a PM?”, gritou o agressor. “Dissolve a PM agora sua prostituta. Sua negra vagabunda”, emendou o homem, que ainda cuspiu em Cleide e fugiu em seguida. De acordo com a candidata, o agressor ainda teria levado a mão à cintura, mostrando que estava armado.
Ela registrou boletim de ocorrência na 9ª Área Integrada de Segurança Pública e fez pedido para que a Polícia Civil busque a identificação do agressor por meio de câmeras das estações do Move próximas ao local em que ela foi atacada. Até o momento isso não aconteceu. No dia seguinte ao incidente, ela pensou em desistir da candidatura, mas foi demovida da ideia pelo partido.
“A campanha vinha tranquila, com debates produtivos em escolas e universidades, sempre com respeito às propostas diferentes. Não sei se alguém se sentiu ameaçado com nossas ideias, mas em uma democracia é essencial saber lidar com o pensamento de outros partidos”, comentou ao jornal O Estado de Minas.
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Em nota divulgada pelo PCO, a sigla voltou a defender a desmilitarização da Polícia Militar como uma das principais propostas de campanha. “A única maneira de garantir uma verdadeira segurança para a classe operária só pode acorrer com a dissolução da PM e a constituição de milícias populares para proteger os trabalhadores dos ataques do braço armado do Estado”, escreveu o partido.
No âmbito presidencial, alguns candidatos como Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV) e Rui Pimenta (PCO) também são defensores da desmilitarização da polícia no Brasil, tema bastante polêmico, mas que já está em discussão há alguns anos no Congresso Nacional.