O ódio perdeu, o povo venceu
André Falcão*
Acabou. Mas não há como sair-se dessa contenda eleitoral o mesmo de quando se entrou. O amadurecimento é inevitável. Dizem que o país agora está dividido. Bobagem. O Brasil sempre o foi. A diferença é que agora a divisão está escancarada. Essa exposição de hoje deve-se em grande parte às redes sociais, ou à internet, mesma. Diz-se na rede ― não confundir com a natimorta Rede, da patética Marina Silva, ― o que pessoalmente não se diria com tanta facilidade.
Nesse sentido, uma das melhores ferramentas das redes sociais é o que lhe permite bloquear aquele(a) que não sabe respeitar o outro e à sua opinião; que é grosseiro(a), ou inconveniente, ou deselegante, ou não tem espírito democrático, ou simplesmente lhe falta educação, ou tudo junto. A importância dessa ferramenta permite-lhe não apenas livrar-se do(a) chato(a), como preservar aquela amizade ou trato pessoal que julgue valer ser mantida. Foi e é muito usada por mim, o que me priva de mais dissabores, e a ele(a), do incômodo que lhe pareciam causar minhas postagens. Faz-se até um bem, como se vê.
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A vitória de Dilma, além de representar não apenas a melhor, era também a única alternativa que tínhamos para o país continuar avançando na superação de suas diversas carências seculares, e alcançou um trunfo só aparentemente à margem dessa conquista: representou, também, a vitória contra o ódio, a intolerância, a falta de espírito democrático, de respeito ao outro e à sua opinião; desnudou, expondo da epiderme às vísceras, uma parcela da sociedade brasileira que é predatória, hipócrita, racista, xenofóbica, cruel, mesquinha, pretensiosa, arrogante, mal-educada, intolerante, preconceituosa e ignorante (em ambos os sentidos), não raro, outrossim, também patética, ridícula, vexaminosa.
Um extrato da sociedade que consegue (incrível!) cometer o surpreendente equívoco de imaginar que o pobre nordestino não sabe escolher o melhor para si! Isto foi dito, em português claro, pelo sociólogo e ex-presidente FHC, por alguns jornalistas de TV e revistas, e é repetido pelos abestados (no dizer do ex-palhaço, cantor e deputado federal por São Paulo, Tiririca) que lhes seguem. Sequer se dão ao trabalho de apurar que Dilma teve quase tantos votos no Sudeste quanto no Nordeste. Eu falei como eles são. E se eu sempre tive orgulho de ser nordestino, dá pra imaginar como me sinto depois da surra que demos no ódio?
Ah! Parabéns, povo de Maceió! Parabéns, periferia! Você também venceu!
*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político