Um tema chave em debate para o 31 de outubro
Nesse estado a coalizão no governo disputa o segundo turno tendo como candidato Wilson Martins, do PSB. Um fato destacado do primeiro turno é que representantes considerados vitalícios do ancien régime, como Heráclito Fortes, do partido direitista DEM, e “Mão Santa”, foram varridos do cenário.
Nas vésperas do 12 de outubro, que no Brasil o Dia das Crianças, Dilma participou em atos realizados nas cidades satélites de Brasília, como Ceilândia, em que voltou a insistir no objetivo de construir 6 mil creches e jardins de infância. No chamado Eixão de Brasília, na presença de muitas crianças, disse que a necessidade de uma maior proteção e de oportunidades para as crianças implica a melhora integral da educação em todos os niveles. Fez referência também às escolas técnicas, que se multiplicaram como nunca no atual governo, e sublinhou que para ter uma educação de qualidade, o trabalho do professor deve ser adequadamente remunerado.
No citado debate pela TV, Dilma Rousseff colocou no centro um tema chave, em que se refletem as diferenças essenciais entre o governo de FHC e seu candidato José Serra, e o governo de Lula com sua candidata: as privatizações, centrando-o na política a realizar com as reservas petrolíferas do pré-sal, um importantíssimo patrimônio do povo brasileiro. Recordou a definição de Lula, segundo a qual “agora somos mais donos do pré-sal”.
O presidente aludia assim à recente capitalização da Petrobras (a qual se encarrega da exploração), que foi uma das maiores até agora realizadas, no valor der 79 bilhões de dólares, ao tempo em que aumenta a já elevada participação do Estado brasileiro en na mesma. As propostas de Serra durante a campanha tendiam, ao contrário, à privatização da empresa, o que tem antecedentes na trajetória dos governos de FHC, como veremos em seguida.
A política do atual governo, reforçada nos últimos meses, levou a que a Petrobras se valorizasse em extraordinária proporção, ao extremo de posicionar-se como a terceira maior empresa das Américas (sem levar em conta as canadenses, excluídas da avaliação). Situa-se atrás apenas da Exxon Mobil e da Microsoft Corporation, e na frente de gigantes como Walmart, Apple, Google e Coca Cola. A valorização da empresa, segundo a Consultoria Economática, se eleva 207,9 bilhões de dólares, enquanto que em 2002, ao término dos dois governos de FHC, se estimava em 15,4 bilhões de dólares. Multiplicou-se em mais de 13 vezes.
Em contraposição, o governo de FHC (no qual Serra ocupou os cargos de ministro de Planejamento e da Saúde) praticou uma política de redução sistemática do alcance e das projeções da Petrobras. Isso está exaustivamente demonstrado em um livro recentemente publicado: “O governo Lula e o novo papel do Estado brasileiro”, de autoria de Glauco Faria. Nele se revela que a Petrobras sofreu sérias restrições por obra do governo de Cardoso. Este criou a Agência Nacional do Petróleo (ANP), que retirou mais de 35% das áreas escolhidas pela Petrobras para sua exploração e as entregou a multinacionais em leilões organizados pela Agência. Os estudos dessas áreas foram realizados pela empresa estatal, mas entregues a empresas que não tinham investido nem um centavo em sua prospecção, revela o livro. O plano previa inclusive dividir em duas a Petrobras e descapitalizá-la. Diz o autor: “A empresa foi sem dúvida debilitada nos 8 anos do governo ‘tucano’; o governo do PSDB esvaziou o poderio e a capacidade de inversão das estatais, incluída a Petrobras, a qual resistiu pela força acumulada em décadas de trabalho e planeajamento”.
Acaba de ser divulgado um manifesto assinado por umas centenas de eclesiásticos, pastores, padres, intelectuais e militantes sociais membros de diferentes igrejas cristãs, que refutam as acusações contra Dilma de certos setores cristãos (já vimos que eram uma ínfima minoria, mas amplificada por uma estrondosa campanha midiática) e conclamam a votar nela, sob o título “Manifesto de cristãos e cristãs evangélicos (as) e católicos (as) a favor da vida e da vida em abundância”.