Nova garota do tempo do Jornal Nacional é vítima de racismo
A jornalista Maria Júlia Coutinho, que esta semana virou notícia por ter corrigido o seu chefe, William Bonner, ao vivo, se tornou alvo de comentários racistas na internet
A Globo, que já teve Rosana Jatobá, Flávia Freire e Michelle Loreto mais recentemente nas funções, escalou agora Maria Júlia Coutinho para contracenar, ao vivo, com Renata Vasconcellos e William Bonner no “Jornal Nacional”.
Maria Júlia Coutinho é, provavelmente, a primeira garota do tempo negra da televisão brasileira.
Até agora, a jornalista tem chamado atenção pela classe, elegância e segurança, a ponto inclusive de um necessário puxão de orelhas no chefe Bonner.
Ao ser questionada “se a região Sul vai ficar com tempo bom?”, Maria Júlia devolveu com a pergunta “tempo firme?”, bem de acordo com o que determinam as novas recomendações.
Racismo
Infelizmente, a competência da jornalista não foi o bastante para livrá-la de comentários de cunho racista. Notícias a seu respeito publicadas nos portais costumam ser acompanhadas de manifestações racistas de internautas. Foi o que aconteceu, por exemplo, quando o portal R7 publicou um texto em que elogiava o desempenho de Maria Júlia no Jornal Nacional.
A despeito dos elogios, internautas atacaram a jornalista por ela ser negra. Ao ser congratulada por uma outra internauta negra, um usuário do Facebook com o nome de Venancio Rodrigues retrucou: “Cabelo ruim. Tá elogiando porque é preta como você”, e repetiu a frase em seguida, substituindo a palavra ‘preta’ por ‘negra’. O mais chocante é que os comentários receberam, respectivamente, dezesseis e oito curtidas (imagem acima).
Venâncio não foi o único. “Essa repercussão é só porque ela é negra. Se fosse branca, como é normalmente, não seria pauta de matéria”, publicou outro internauta.
Na última semana, Pragmatismo Político também denunciou um outro incidente racial envolvendo uma jornalista negra. Cristiane Damacena sofreu uma enxurrada de comentários racistas após publicar uma foto em sua página pessoal do Facebook. O caso foi parar na Justiça e uma investigação foi aberta para identificar os agressores.
Maria Júlia Coutinho
Maria Júlia Coutinho é jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Começou a carreira como estagiária da Fundação Padre Anchieta. Passou por vários cargos do Departamento de Jornalismo da TV Cultura (SP) até tornar-se repórter, função que exerceu por quase três anos.
No final de 2005, passou a apresentar o Jornal da Cultura, ao lado de Heródoto Barbeiro. Posteriormente, comandou, com Laila Dawa e Vladir Lemos, o telejornal Cultura Meio-Dia.
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