Luis Soares
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Academia 05/Jul/2012 às 14:20 COMENTÁRIOS
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Nomes consagrados da literatura mundial participam da FLIP, que homenageia Carlos Drummond

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 05 Jul, 2012 às 14h20

Flip completa uma década com nomes de peso da literatura estrangeira. Javier Cercas, Adonis, Suketu Mehta e Silvia Castrillón são alguns dos principais convidados dessa edição

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Festa Literária Internacional de Paraty.( Imagem: Banner oficial da FLIP)

Os largos paralelepípedos de Paraty, no Rio de Janeiro, sugerem caminhadas lentas e passos curtos para a apreciação dos célebres casarões coloniais da cidade. Contudo, ao longo dos próximos cinco dias, a paixão de pelo menos 20 mil pessoas pela literatura contemporânea mergulhará esse centenário entreposto português em uma efervescência que lhe é pouco característica.

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Maior de seu gênero no Brasil e forte competidora mundo afora, a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) comemora uma década de vida e traz ao público histórias cultivadas por mais de 40 autores. Entre brasileiros como o cronista Luis Fernando Veríssimo e o cartunista Laerte, figurarão mais de 20 nomes originários dos mais diversos países e contextos sociais.

Da anticastrista cubana Zoe Valdés ao jornalista indiano Suketu Mehta, a receita da curadoria desta edição da Flip revela-se na diversidade de percepções sociais. Se de um lado, o consagrado professor de literatura da Universidade de Gerona, o espanhol Javier Cercas, traz consigo uma fórmula literária que reabre feridas supostamente curadas da história, de outro temos a educadora colombiana Silvia Castrillón reivindicando aquilo que tão bem sintetiza o título de sua obra mais recente – o direito de ler e de escrever.

Festa Literária Internacional Paraty

Organizadores da Flip calculam que ao menos 20 mil turistas virão prestigiar seu décimo aniversário. Imagem: Fillipe Mauro, Opera Mundi

Entre os lançamentos mais aguardados está o romance Serena, do britânico Ian McEwan, que, ao lado de outros veteranos da festa como Hanif Kureishi e Enrique Vila-Matas, retorna à Flip para prestigiar seu décimo aniversário. Outro nome muito aguardado pelos espectadores é o de Adonis, poeta sírio aprisionado em seu país durante a década de 1950 que acabou reconhecido por críticos de todo o mundo como o maior representante vivo da literatura árabe.

Em termos financeiros, o cenário é positivo e consagra ainda mais a festa. Em 2012, a Flip recebe um orçamento 23% superior ao disponibilizado em 2011. Para bancar a organização de suas 22 mesas de debate e das outras dezenas de atrações espalhadas pelo centro histórico de Paraty, a associação Casa Azul, sua idealizadora, amealhou o equivalente a sete milhões de reais.

A verba foi suficiente inclusive para a confecção de um DVD comemorativo. “Uma Palavra depois da outra: a arte da escrita” oferece a curadoria de momentos únicos da participação de 112 escritores na Flip, entre eles o historiador britânico Eric Hobsbawn, que veio ao Brasil em 2003 por ocasião do nascimento da festa.

Além do documentário, a associação Casa Azul também conseguiu produzir dois livros para marcar a data. 10/Ten foi editado pela criadora da Flip, a britânica Liz Calder, e traz cinco textos de autores brasileiros e cinco textos de autores estrangeiros – todos inéditos. Já Flip – Dez anos, escrito em conjunto por Zuenir Ventura, Ángel Gurría-Quintana, Humberto Werneck e Sergio Augusto, busca traduzir em palavras e imagens o valor que Paraty trouxe para a literatura contemporânea ao longo da última década.

Festa gauche

“Penetra surdamente no reino das palavras”, recomenda o homenageado da Flip deste ano, Carlos Drummond de Andrade, a todos aqueles que se lançam ao desafio de escrever. Ironicamente, as bandas de rua de Paraty e suas incansáveis marchinhas de carnaval farão da orientação do poeta gauche algo impossível de ser seguido.

Em um dos discursos que abriram a Flip, seu curador, Miguel Conde, justificou a escolha do homenageado lembrando que, “entre os clássicos da literatura brasileira, Drummond está certamente entre os mais lidos e discutidos”. E, mesmo assim, persiste como “um poeta do tempo presente”.

Fillipe Mauro, Opera Mundi

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