A Revolução Brasileira
Todos conhecemos as expressões históricas “Revolução Francesa”, “Revolução Americana”, “Revolução Mexicana”, “Revolução Russa”, “Revolução Chinesa”, “Revolução Cubana”, etc. As décadas nas quais o PT encabeçou o governo federal serão conhecidas na história como a “Revolução Brasileira”?
Nicolas Chernavsky*
Desde que o PT passou a encabeçar o governo federal, em 2003, as transformações da pirâmide social estão sendo tão rápidas e significativas que impressionam a olhos vistos: as classes D e E, às quais pertenciam cerca de 60% d@s brasileir@s em 2003, foram reduzidas a cerca de 25% em 2014. Se esse processo continuar, é possível que nas décadas em que o PT encabeçou o governo federal a porcentagem de pobres no Brasil seja reduzida a níveis bem pequenos, quase residuais. Se isso acontecer, não estaremos frente a um fenômeno histórico em termos globais que poderá ser conhecido como a “Revolução Brasileira”? Afinal, não é todo dia que um país com a população do Brasil consegue tamanho resultado em tão pouco tempo. Mesmo a redução da pobreza da China e da Índia das últimas décadas não ocorreu na velocidade que vem ocorrendo no Brasil desde 2003.
O termo “Revolução”, historicamente, não é usado somente para revoluções de países, mas também para fenômenos mais amplos no espaço e no tempo, como por exemplo em relação à Revolução Industrial. Quanto aos países, muitas vezes também não é usado o nome do país na designação da revolução, apesar de referir-se a um país, como na Revolução dos Cravos (Portugal) e na Revolução Gloriosa (Reino Unido). Esses exemplos também mostram que a palavra “Revolução”, em política, não é uma exclusividade das revoluções de inspiração soviética do século XX. Além disso, as revoluções, mesmo as que se referem a países, não precisam ocorrer em um curto período de tempo, como em um determinado ano. A Revolução Francesa, por exemplo, considera-se que durou cerca de dez anos, de 1789 a 1799.
Claro que a Revolução Brasileira, como fenômeno histórico, ainda precisa de uma sequência de vitórias eleitorais presidenciais progressistas para se consolidar, especialmente em 2018 e 2022. Como existem chances reais do progressismo vencer essas eleições presidenciais no Brasil, podemos ter esperança de que o Brasil complete esse ciclo revolucionário, deixando de ser um país pobre e passando a ser um país de classe média. As consequências globais da Revolução Brasileira seriam extraordinárias, especialmente na África, onde a possibilidade do fim da fome e da miséria, com democracia, teria o exemplo do Brasil para inspirar sua população.
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Mas é bom lembrar que estamos no meio do caminho. Sempre que passo perto de algum bairro com casas precárias, fico observando se não há mais casas com paredes rebocadas do que alguns anos atrás. Fico observando se não há mais casas com as paredes pintadas do que alguns anos atrás. Digo isso porque acredito que estamos no meio de uma revolução, por mais que não percebamos – o que é comum, por sinal – e que essa revolução está em nossas mãos. Não vamos desanimar, vamos resistir à onda conservadora e preparar a volta por cima progressista, porque essa é a hora do Brasil. É a nossa revolução.
*Nicolas Chernavsky é jornalista formado pela Universidade de São Paulo (USP), editor do CulturaPolítica.info e colaborador do Pragmatismo Político