André Falcão
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Direita 23/Jun/2015 às 11:34 COMENTÁRIOS
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Sonhos cidadãos

André Falcão André Falcão
Publicado em 23 Jun, 2015 às 11h34
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André Falcão*

Ontem tive uma noite profícua de belos sonhos. Sonhos assim, tipo, cidadãos. Tão bons que até trocaria ter um deles, uma vezinha só, vá lá, por aqueles que vez perdida a gente tem, e que macula os até então imaculados lençóis que nos amaram na noite solitária. Problema é que estes, que mancham os lençóis, tornam-se frequentemente realidade, ou podem tornar-se. Os que sonhei nem o mais otimista imagina possam realizar-se.

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No primeiro, eu saía às ruas de minha cidade e percebia os vidros dos mais reluzentes carrões com adesivos onde se lia: Chega de PT! Julguem o mensalão do PSDB! Acessava as redes sociais e descobria que em todo o país haveria passeatas por melhores salários e condições de trabalho para os professores das redes pública e privada, organizada pelo Movimento Brasil Livre. Seus líderes justificavam dizendo que os professores precisavam deixar de ser tratados como profissionais de segunda categoria. Fiquei sabendo que a segunda seria contra a redução da maioridade penal e pela justiça para todos. Em ambas, os partidos políticos foram contatados e cobrado o empenho de seus membros junto aos parlamentos municipais, estaduais e federal. Noutro momento eu já estava em SP, onde via estampados nos para-brisas blindados dos Lamborghinis, Ferraris e congêneres adesivos coloridos de verde, amarelo, azul e branco com os dizeres: O Alckmin me fedeu! Água, já! E também: Tenho culpa! Votei no PSDB! Surpreso, pegava em seguida um avião para Brasília e lá chegando me deparava com o trânsito interrompido por causa das ruas tomadas pela população que reivindicava, à porta do Supremo e do STJ, que a venda da deusa Thêmis fosse recolocada, já que se suspeitava, com base em fortes indícios, de que a deusa matreiramente estivesse a ver por sob o pano, e com um só dos olhos, bem assim que sua balança fosse urgentemente submetida ao exame do Inmetro, já que vinha escancaradamente pendendo para um dos lados, além de que suas lâminas fossem igualmente afiadas.

No segundo sonho, os patetas que foram à Venezuela eram condenados a reembolsar o erário pela palhaçada que protagonizaram naquele país, além de terem de rezar uma centena de pais-nossos e duzentas ave-marias em frente à catedral de Brasília, ajoelhados sobre caroços de milho especialmente encomendados do São João nordestino. Malafaia não protestou contra as ave-marias, porque estava ocupado procurando a rola sugerida pelo jornalista Boechat. Aí acordei, porque até pra sonhar há limite.

*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político

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