A indignação de Beth Carvalho com o uso de “Vou Festejar” na manifestação
Beth Carvalho repudia uso indevido de “Vou Festejar” no carro de som do Vem Pra Rua na manifestação de domingo: “Minha voz e meu samba não os representa”. Indignada, a cantora divulgou uma nota de esclarecimento para manifestar seu “absoluto repúdio e insatisfação”
Eleitora declarada de Lula e de Dilma, a cantora Beth Carvalho não gostou de saber que a música “Vou Festejar”, de Jorge Aragão, Neoci Dias e Dida, interpretada por ela, foi tocada repetidamente durante a manifestação de domingo na avenida paulista no carro de som do movimento conservador Vem Pra Rua. Confira a seguir o posicionamento oficial de Beth Carvalho sobre o incidente.
Esclarecimento de Beth Carvalho sobre o uso indevido da música “Vou Festejar”, com sua interpretação, na manifestação conservadora no Rio, dia 16 de agosto.
Gostaria de saber de quem foi a INFELIZ ideia de colocar a música “Vou Festejar” (de Jorge Aragão, Neoci Dias e Dida), gravada com a minha voz, em um carro de som da passeata do dia 16/08 organizada pelo movimento #Vem Pra Rua?
Tal movimento está em dissonância absoluta tanto com os meus posicionamentos políticos, como com o que esta música representa historicamente. Não poderia ser usada em hipótese alguma.
Para que fique bem claro, eu, Beth Carvalho sempre me posicionei ao lado de líderes como Che Guevara, Fidel Castro, Hugo Chavez, Leonel Brizola, João Pedro Stédile. Inclusive, a música “Vou Festejar”, gravada primeiramente em 1978, sempre representou movimentos de esquerda e de abertura política como as Diretas Já e o segundo turno de Lula contra o Collor em 1989.
Para completar a dissonância, os maiores mestres culturais da minha vida são em sua maioria negros e pobres – Nelson Cavaquinho, Cartola, Candeia. E, não tolero a homofobia que vem sendo explicitada nestas passeatas.
Desta forma gostaria de manifestar meu absoluto REPÚDIO e insatisfação.
Acho que o uso de “Vou Festejar” é inclusive uma evidência clara da total despolitização ou intenção de despolitizar do movimento #Vem Pra Rua. Minha voz e meu samba não os representa nem hoje, nem ontem, nem nunca. Tomarei as providências cabíveis e exijo uma retratação pública.