Redação Pragmatismo
Cuba 22/Set/2015 às 16:47 COMENTÁRIOS
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Cuba e Francisco em lua de mel e o encontro histórico do papa com Fidel

Publicado em 22 Set, 2015 às 16h47

Povo cubano ‘tem vocação de grandeza’, disse o papa Francisco em missa para milhares na praça de Revolução. Em seguida, o líder da igreja católica protagonizou um encontro histórico com Fidel Castro e presenteou o líder cubano com um livro de Frei Betto

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Encontro do papa Francisco com Fidel ocorreu na residência do líder cubano, que recentemente completou 89 anos (divulgação)

Durante sua primeira missa em Cuba, o papa Francisco afirmou no último domingo que o povo cubano tem “vocação de grandeza” e que deve cuidar dela, mas especialmente trabalhando para os mais frágeis.

A declaração foi dada na praça da Revolução “José Martí” e ao lado da icônica imagem de Che Guevara, no centro de Havana, a uma plateia composta por milhares de cubanos e fiéis de outras partes do mundo. O presidente do país, Raúl Castro, a mandatária argentina, Cristina Kirchner, o teólogo brasileiro Frei Betto e uma comitiva de ministros cubanos também participaram da cerimônia.

Durante a homília, Francisco lembrou que “o santo povo fiel a Deus que caminha em Cuba é um povo que tem gosto pela festa, pela amizade, pelas coisas belas, e também tem feridas, mas sabe estar de braços abertos”.

“Hoje os convido a cuidarem dessa vocação, a cuidarem destes dons que Deus os presenteou, mas especialmente quero convidá-los a cuidarem e servirem, de modo especial, à fragilidade de seus irmãos”, acrescentou.

A missa começou pouco antes das 9h locais (10h de Brasília) e teve uma hora e meia de duração. Nela, o pontífice argentino ainda afirmou que “o serviço aos outros não pode ser jamais ideológico, do ponto de vista que ele não serve às ideias, mas sim às pessoas”.

No fim da cerimônia, Francisco também agradeceu Raúl Castro pelos esforços de paz no conflito entre as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o governo de Bogotá.

“Não temos o direito a um novo fracasso neste caminho da paz e de reconciliação”, comentou o líder da Igreja Católica. Desde 2012, Havana é palco de encontros para promover diálogo entre a guerrilha e autoridades colombianas.

O cardeal Jaime Ortega, arcebispo na ilha, concluiu a missa, agradecendo ao papa “por ter favorecido o processo de renovação das relações entre Cuba e Estados Unidos, que tanto beneficiará ao nosso povo”.

Ortega ainda pediu que o “chamado a paz” do pontífice chegue aos povos cubano e norte-americano e “muito especialmente ao nosso povo cubano que vive aqui e nos Estados Unidos”.

Encontro de Francisco e Fidel

Após a missa na praça da Revolução, o papa Francisco teve um encontro com o líder cubano Fidel Castro em sua casa em Havana, anunciou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.

Na ocasião, Fidel presenteou o papa com o exemplar da primeira edição de 1985 de “Fidel e a Religião”, escrito pelo teólogo brasileiro Frei Betto. Em troca, o pontífice lhe deu textos religiosos, como a sua encíclica sobre ecologia, intitulada “Laudato Si” (“Louvado Seja”) e publicada em 18 de junho deste ano.

De acordo com a imprensa cubana, os dois líderes discutiram temas de interesse comum, como a pobreza, a preservação da paz e a sobrevivência humana. Fidel elogiou o papa por sua capacidade de comunicação e suas mensagens públicas para todas as camadas sociais e seu compromisso pelo bem da humanidade. Por sua vez, Francisco expressou agradecimento à Cuba por sua contribuição da paz em um mundo “saturado de ódio e agressões”.

Segundo o porta-voz do Vaticano, o encontro durou 40 minutos e foi realizado em um ambiente “informal e amigável”. Antes da viagem do pontífice argentino a Cuba, a San ta Sé confirmara a possibilidade de uma reunião entre os dois, embora o encontro não estivesse na agenda do líder da Igreja Católica.

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