Livros
Movimento incentiva uma corrente de distribuição aleatória de exemplares
Quantas vezes já quisemos doar livros e ficamos sem saber que destino dar a eles, que acabaram voltando, ou nem saindo, da estante lotada. Doar livros requer, ainda, a prática, nem sempre fácil, do desapego. Um sentimento de propriedade inútil muitas vezes toma conta dos donos das obras que não percebem que elas já cumpriram sua função. Doar livros é como libertar pássaros.
Ampliar esta corrente mais do que do bem é o que quer o projeto Livro de Rua, inspirado no movimento internacional BookCrossing, que difunde o pensamento há tempos. A intenção é transformar as cidades em bibliotecas sem muros, sem estantes, sem armários ou gavetas. A ideia de libertar livros já lidos, para que se tornem instrumentos de transformação de outras pessoas – se deixados em comunidades carentes melhor ainda – é do Instituto Ciclos do Brasil. A ONG também promove distribuição de livros em locais públicos, com “contação” de histórias e récitas de poesia, e incentiva a criação de Bibliotecas da Liberdade. Essas são instaladas em locais onde se pode colocar e retirar livros sem nenhum tipo de restrição. O único compromisso é devolvê-los para que sirvam a outras pessoas.
A Biblioteca da Liberdade pode nascer em bares, lan houses, igrejas, postos de saúde e outros que possam virar espaços de leitura. Como os livros resultam de doações, não há custo ou burocracia. Para fortalecer a corrente, pode-se cadastrar o livro no site www.livroderua.com.br, no qual registra-se o número da inscrição que deverá ficar na capa e o último local onde o livro foi deixado. Assim, sabe-se quantas pessoas foram beneficiadas e por onde o livro vem passando.
No domingo 25 de abril, do recente Viradão Carioca, cerca de mil livros foram doados no Posto 6, em Copacabana, numa barraca montada pelo Livro de Rua, ao lado da estátua sedestre do poeta Carlos Drummond de Andrade. Drummond, que não pediu, mas que, forjado em bronze, está sentado num banco, assistindo ao mundo, vasto mundo de Copacabana, deve ter ficado feliz. Pena que estátua não fala. Mas sente.