Promotor Cassio Conserino pede prisão preventiva de Lula
Cassio Conserino admite que não há provas concretas de que Lula seja dono de tríplex no Guarujá, mas pede a prisão preventiva do ex-presidente. No mês passado, em entrevista à Veja, o promotor havia prometido indiciar Lula. Confira a íntegra do pedido de prisão
O promotor Cassio Conserino pediu a prisão preventiva do ex-presidente Lula nesta quarta (9) por supostas irregularidades no caso do tríplex em Guarujá (litoral de São Paulo), que teria sido preparado para a família de Lula.
O caso será analisado pela juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal de São Paulo. Ainda não há um dia certo para a Justiça decidir sobre o caso.
Em coletiva na tarde desta quinta-feira (10), o promotor admitiu que não há provas concretas contra o ex-presidente.
“O crime é de ocultação, claro que não há documento”, justificou o promotor, quando questionado se havia documentos que comprovassem que Lula é dono do triplex no litoral paulista.
Segundo o promotor, que defendeu a denúncia contra Lula por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, “nada do que foi feito é fruto de invencionice”. Cassio Conserino afirma ainda que suas ações não têm motivação política.
Na manhã desta quinta, o Instituto Lula afirmou que a denúncia do MP-SP “não tem base na realidade”, uma vez que o ex-presidente “não pode ocultar patrimônio que não é dele”.
“Em 30 de janeiro deste ano, foram divulgados todos os documentos relativos à cota do Edifício Solaris, que mostram que Lula e sua família nunca tiveram apartamento no Guarujá. O ex-presidente sempre declarou a cota em seu Imposto de Renda”, diz a nota.
De acordo com Conserino, o fato de não haver provas concretas sobre o crime de ocultação de patrimônio, segundo ele cometido por Lula, não fragiliza a denúncia. “Por documental me referi a contratos, estelionatos sofridos pelas vítimas do Solaris”, disse.
Os promotores envolvidos na investigação também defenderam que o caso fique na esfera estadual, uma vez que a Operação Lava Jato investiga outro fato: a reforma realizada no triplex. A defesa de Lula entrou com recurso no STF para que a corte decida quem investiga o caso: o MP-SP ou a Lava Jato.
Durante a coletiva, Conserino fugiu de duas perguntas. A primeira, sobre a argumentação da defesa de Lula de que ele teria antecipado a denúncia em uma entrevista à revista Veja, antes mesmo de ter entrevistado o investigado. “Vou comentar apenas sobre a denúncia hoje, só fatos concretos”, disse Conserino.
A outra pergunta foi sobre se havia algum mandado de prisão contra o ex-presidente. “Vamos comentar apenas os fatos da denúncia”, repetiu o promotor do MP-SP.
O advogado da família do ex-presidente Lula Cristiano Zanin Martins destacou a fragilidade dos argumentos defendidos pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.
“A coletiva dada pelos promotores evidencia a fragilidade da investigação e desse pedido, que se baseia em testemunhos de pessoas que desconfiam que o imóvel estava sendo feito para o ex-presidente”, disse o advogado.
Martins defende que o pedido será rejeitado pela justiça devido à fragilidade dos argumentos da investigação. “Não faz sentido atribuir o imóvel a um dono que nunca o usou e foi ao local duas vezes antes dele estar terminado para saber se teria interesse em ficar com ele”.
Veja aqui a íntegra do pedido de prisão de Lula
Lula sobre as acusações:
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com informações de Folhapress e EBC