Nova versão da morte do menino de 10 anos é muito diferente do que diz a PM
Várias versões, mas qual é o fato? Perícia acaba de revelar que menino de 10 anos assassinado por policiais não atirou e cena do crime foi alterada
Cena do crime alterada e nenhuma evidência de que tenha havido disparos partindo do carro onde estavam dois garotos, de 10 e 11 anos. São essas conclusões iniciais da perícia realizada pela Polícia Civil da zona sul de São Paulo.
O menino mais jovem acabou morto pelos policiais militares com um tiro na cabeça. Os policiais afirmam que houve tiroteio.
Segundo os peritos, o carro furtado pelos meninos estava revirado, o corpo do garoto baleado havia sido mexido e a arma que um deles teria usado para disparar contra os policiais não estava no local do crime. Mas havia sido levada pelos PMs ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
A delegada que cuida da investigação quer ouvir os policiais nesta semana. O depoimento dos quatro PMs está marcado ainda para esta sexta-feira (10). Depois de uma semana de investigações, a polícia não tem certeza se a ação dos PMs foi legítima ou se houve uma execução.
Várias versões
O menino sobrevivente deu três versões para o caso. A primeira, gravada em vídeo pelos PMs, afirma que o amigo dirigia e atirava contra os policiais. Na segunda, confirmou os tiros, mas, depois que o carro parou, um PM se aproximou e atirou. Afirmou também que levou um tapa e foi ameaçado. Na última, negou que o amigo estivesse armado e contou que a arma foi “plantada” pelos policiais.
O vídeo em que o menino de 11 anos é interrogado, supostamente por policiais militares, sem a presença dos responsáveis e de um advogado, pode ter sido feito para criar provas a favor da Polícia Militar, segundo especialistas. As imagens do vídeo gravado por policiais militares foram encaminhadas para perícia, segundo a SSP informou em nota encaminhada nesta terça.
Para advogados especialistas em direitos da criança e do adolescente, os policiais possivelmente coagiram o menino a gravar o vídeo e produziram provas para tentar se eximir de culpa. Além disso, o interrogatório do menino sem advogados ou representante legal pode ter infringido o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Para o presidente da Comissão dos Direitos Infanto-Juvenis da OAB, Ricardo Cabezon, o interrogatório, aparentemente, é a tentativa de encobrir o que aparenta ser um excesso na abordagem policial.
Em reportagem publicada pela Ponte Jornalismo, especialistas comentam a autenticidade do vídeo. Assista: