Jovem atingida pela PM em ato contra Michel Temer perde a visão
Jovem atingida no olho pela PM durante ato contra Michel Temer em SP perde a visão. Estilhaço de uma bomba de efeito moral atingiu óculos da estudante e quebrou a lente, que perfurou seu globo ocular
Sarah Fernandes, RBA
Um estilhaço de uma bomba de efeito moral disparada quarta (31/08) pela Polícia Militar de São Paulo, durante forte repressão contra um ato que pedia a saída do presidente Michel Temer, atingiu o olho esquerdo de uma manifestante, que perdeu a visão. A estudante universitária Deborah Fabri passou a noite no hospital e já retornou para a casa.
“Oi pessoal estou saindo do hospital agora. Sofri uma lesão e perdi a visão do olho esquerdo, mas estou bem”, publicou em seu perfil no Facebook. A jovem participa do Levante Popular da Juventude.
Segundo o movimento, Deborah estava no cruzamento das ruas Caio Prado e Consolação, na região central da cidade, quando policiais militares lançaram duas bombas de efeito moral em sua direção – uma caiu um pouco à frente e outra atrás da jovem. Um estilhaço atingiu seus óculos e quebrou a lente, que perfurou seu globo ocular. Ela foi socorrida por pessoas próximas do local e levada para o Hospital das Clínicas.
“Estamos vendo judicialmente como vamos intervir. Queremos um processo contra o Estado de São Paulo e a Polícia Militar, que são os responsáveis por esse dano causado a nossa companheira”, disse uma das integrantes do movimento, Bárbara Ponte. “Ontem o estilhaço atingiu uma companheira nossa, mas poderia ter sido qualquer manifestante. Nossa resposta será com luta.”
Em nota divulgada na noite de ontem, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) alegou que a repressão começou depois que um grupo de manifestantes incendiou montes de lixo e lançou pedras contra os policiais. Segundo o comunicado, um policial foi ferido e levado para receber atendimento médico. A SSP disse à Agência Brasil que não tem informações sobre a jovem atingida no olho.
Os manifestantes começaram a se concentrar na Avenida Paulista, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) no início da noite. A passeata seguiu pela Rua da Consolação até que, na altura do cruzamento com a Rua Maria Antonia, a Polícia Militar começou a disparar bombas de gás contra os participantes do ato. A repressão continuou durante a noite, contra manifestantes que se espalharam pelo centro da cidade.
Os fotógrafos Willian Oliveira e Vinicius Gomes foram detidos pela polícia. Vinícius Gomes afirmou que seu equipamento de trabalho foi destruído durante a abordagem policial. Ambos permaneceram detidos até por volta das 5h de hoje. A SSP não informou o motivo das prisões nem se pronunciou sobre o caso.
Leia também:
Primeiro protesto com Michel Temer presidente tem repressão da PM e feridos
Justiça diz que fotógrafo que teve olho mutilado por bala de borracha é culpado
PM mascarado ameaça jovem com machado e Corregedoria investiga caso
Sobre os fotógrafos, a Secretaria de Segurança Pública alegou que eles estariam “atirando pedras contra a tropa”. Foi solicitado o exame de corpo de delito e eles foram liberados. “A PM apurará as circunstâncias da ocorrência. Será instaurado inquérito para investigar danos aos patrimônios público e privado”, diz o texto, que afirma que a ação da PM foi motivada pelo fato de manifestantes terem incendiado lixo e atirado pedras contra os policiais. Dois PMs ficaram feridos, segundo o órgão.