Executivos da Odebrecht admitem caixa 2 milionário para José Serra
Caixa 2 para José Serra foi pago em conta na Suíça, diz Odebrecht em delação premiada. Foram repassados cerca de R$ 23 milhões ao atual ministro das Relações Exteriores do governo Temer
A doação eleitoral que a Odebrecht fez à campanha presidencial de José Serra em 2010 via caixa dois foi detalhada em pelo menos dois delatores da Lava Jato, segundo relatos da Folha de S. Paulo desta sexta-feira (28).
O montante teria abastecido não só o caixa eleitoral de Serra, mas também de outros candidatos tucanos.
“Um deles é Pedro Novis, presidente do conglomerado de 2002 a 2009 e atual membro do conselho administrativo da holding Odebrecht S.A.
O outro é o diretor Carlos Armando Paschoal, conhecido como CAP, que atuava no contato junto a políticos de São Paulo e na negociação de doações para campanhas eleitorais.”
Novis e Paschoal já estão com os termos fechados há duas semanas, faltando apenas definir o valor da multa a ser paga. Não haverá regime fechado para nenhum dos dois colaboradores, assim como para Emílio Odebrecht, pai de Marcelo Odebrecht, que deve cumprir, no máximo, seis meses em regime domiciliar e mais seis meses em regime aberto.
Segundo a delação contra Serra, a primeira da Lava Jato, parte dos recursos doados em 2010 foi depositado em uma conta na Suíça, sendo que o interlocutor do tucano era o ex-deputado Ronaldo Cesar Coelho (fundador do PSDB, atualmente no PSD). O jornal não especificou quanto foi enviado ao exterior.
Já no Brasil, o repasse foi negociado com o também ex-deputado estadual Márcio Fortes (PSDB), próximo de Serra. Ele é o homem que arrecada para campanhas presidenciais tucanas. Fez o mesmo por FHC na década de 1990 e Aécio Neves, em 2014.
A Odebrecht afirma que tem como comprovar os depósitos, e afirmou, ainda que fez o acordo do caixa dois com a direção nacional do PSDB, que depois distribuiu o montante na Suíça a outras candidaturas.
No Tribunal Superior Eleitoral, a Odebrecht doou oficialmente ao PSDB, em 2010, R$ 2,4 milhões, para a campanha de Serra.
Na delação, de acordo com o jornal, os executivos disseram que o caixa dois não estava vinculado a nenhuma contrapartida. Teria sido apenas o atendimento a um pedido do PSDB.
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Na planilha da Odebrecht, Serra aparece como “careca” ou “vizinho”, por ter morado muito próximo de Pedro Navis e manter relações com ele.
Serra disse, por meio de sua assessoria, que “não vai se pronunciar sobre supostos vazamentos de supostas delações relativas a doações feitas ao partido em suas campanhas”. Cesar Coelho também negou as acusações. Fortes e Odebrecht não se manifestaram.
Jornal GGN