Deputados dos EUA divulgam carta em defesa de Lula e com críticas a Sergio Moro
Deputados dos EUA protestam contra perseguição de Moro a Lula em carta aberta endereçada ao embaixador brasileiro em Washington. Parlamentares expressam profunda preocupação com a democracia no Brasil e acusam o juiz da Lava Jato de perseguir o ex-presidente
Um grupo de 12 deputados do Partido Democrata dos Estados Unidos divulgou ontem (18) uma carta aberta endereçada ao embaixador brasileiro em Washington, Sergio Amaral, em que expressam “profunda preocupação” com os direitos humanos e a democracia no Brasil, e acusam o juiz federal de primeira instância Sérgio Moro, que comanda a Operação Lava Jato, de perseguir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por meio de decisões judiciais “arbitrárias”.
“Estamos particularmente preocupados com a perseguição ao ex-presidente Lula da Silva, que viola as regras dos tratados internacionais que garantem o direito à defesa para todos os indivíduos”, dizem os deputados.
Como exemplo das decisões de Moro que consideram inadequadas e desmedidas, os deputados democratas citam a condução coercitiva de Lula, em março 2016, para forçá-lo a depor, sem que o ex-presidente tivesse se recusado a prestar esclarecimentos à Justiça, quando só então se aplicaria a medida. “Só serviu como intimidação, já que não havia nenhuma evidência de que o presidente não queria declarar-se à Justiça”, frisa a carta.
Os deputados americanos também destacam que tal perseguição a Lula se dá pois ele continua sendo uma das figuras políticas mais populares do Brasil, visto como uma “ameaça séria nas urnas” por seus rivais políticos. Eles também destacam o papel da mídia tradicional na caçada ao ex-presidente.
“Nos últimos meses (Lula) tem sido objeto de uma campanha de difamação e acusações não comprovadas de corrupção por parte de grandes meios de comunicação privados alinhados com as elites do país”, alertam os parlamentares.
Os congressistas americanos também criticaram o presidente Michel Temer, por “proteger figuras corruptas” e impor políticas e decisões que não foram legitimadas em eleições, e afirmam que Lula e Dilma estão tentando provar em diversos organismos internacionais os erros e vícios do processo de impeachment e que o governo de Temer tem promovido “draconianos”cortes no orçamento brasileiro.
Os deputados americanos ainda criticam a PEC do Teto, que entrou em vigor no fim do ano e que congela o crescimento dos gastos públicos do Brasil por 20 anos, pode desfazer os ganhos sociais dos últimos anos.
Eles pedem ações para frear o atual cenário de repressão e perseguição. “Como um primeiro passo essencial para reverter esta situação, instamos as autoridades federais brasileiras a fazerem tudo ao seu alcance para proteger os direitos humanos dos manifestantes, líderes de movimentos sociais e líderes da oposição, como o ex-presidente Lula da Silva”, ressaltam.
A carta, encabeçada pela assinatura do representante democrata John Conyers, que integra o Comitê Judiciário da Câmara, além dos outros 11 deputados, também tem o apoio de associações e sindicatos norte-americanos, como o AFL-CIO, um dos mais importantes do país, com mais de 12 milhões de membros.
Leia também:
Sergio Moro tem mais de 20 erros corrigidos por tribunais superiores
Erro de Sergio Moro custa casamento, emprego e reputação de ex-diretor da OAS
Juristas apontam série de erros na decisão de Moro que decretou prisão de Palocci
Gilmar Mendes deixa Sergio Moro atônito no Senado Federal
Os três erros da Justiça na “Operação Lula” e o imaculado Delcídio
Livro revela erros da Lava Jato e objetivos não-declarados da operação
Observações de jornalista e escritor italiano constrangem Sergio Moro
RBA e Folhapress