Luis Soares
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Eleições 2012 19/Set/2012 às 14:10 COMENTÁRIOS
Eleições 2012

'Serra é capaz de demonstrar amor e se dá bem com crianças', diz FHC

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 19 Set, 2012 às 14h10

Devido ao índice recorde de rejeição (46%), FHC tentou amenizar a fama de antipático do candidato. “O Serra é uma pessoa que é capaz de expressar amor do jeito que ele é, que é um jeito que disfarça as virtudes.”

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estreou na campanha de José Serra (PSDB) à prefeitura de São Paulo em evento com a “classe artística” nesta terça-feira 18 em um cinema da avenida Paulista. O encontro teve a participação de artistas e intelectuais como o reitor da Universidade de São Paulo, João Grandino Rodas, o cantor Agnaldo Timóteo, a atriz Bruna Lombardi, o maestro Julio Medaglia, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer e o ator Odilon Wagner.

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Fernando Henrique fez um discurso lembrando sua relação com Serra desde quando ele era “um jovem de olhos esbugalhados”. Em dois momentos distintos, ele usou as palavras “amor” e “carinho” para falar do candidato que ostenta hoje o maior índice de rejeição em São Paulo (46%).

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Serra abraça FHC durante evento na capital paulista. Foto: ABr

“O Serra tem uma característica que precisa ser ressaltada: ele se dá bem com as crianças. Pode parecer fora de moda e inapropriado falar disso, mas não é.”

O ex-presidente também tentou amenizar a fama de antipático do candidato. “O Serra é uma pessoa que é capaz de expressar amor do jeito que ele é, que é um jeito que disfarça as virtudes.”

Fernando Henrique continuou o discurso falando da dificuldade de explicar às pessoas que São Paulo é “uma cidade que é carinhosa e tem carinho”. “Há uma ambiguidade entre a necessidade de realizar e a necessidade de sentir que a realização por si só não basta. É preciso amor”.

Serra: “às vezes FHC não tem nenhuma opinião brilhante”

Ao discursar no final do evento, Serra também se referiu várias vezes à sua relação com o ex-presidente, de quem foi ministro da Saúde e do Planejamento. “O Fernando Henrique divulgou coisas minhas, ‘calúnias’ que pegaram no Brasil. Uma delas é que eu só vi uma vaca com 50 anos de idade, coisa que me deu um trabalho enorme na campanha quando ia para o agronegócio. Eu não vi uma vaca com 50 anos, mas com 17 anos”. Serra também creditou sua fama de centralizador ao ex-presidente. “Todos que estiveram comigo sabem que isso não é verdade.”

O candidato tucano falou também das “boas” características do ex-presidente. “Eu invejo várias coisas do Fernando Henrique. Uma delas é que todo mundo que vai conversar com ele sai feliz da vida. Às vezes ele não tem nenhuma opinião brilhante, mas a pessoa sai se achando o máximo.”

Antes de acabar sua fala, Serra lembrou o julgamento do chamado “mensalão” no Supremo Tribunal Federal. Ao falar, de novo, que o PT é o “bolchevismo sem utopia”, o candidato aproveitou para alfinetar algumas pessoas do seu partido que já foram de esquerda. “O bolchevismo tinha pelo menos a utopia da igualdade, não importa se não fizeram. Foi assim que o Fernando Henrique foi comuna, o Goldman, não foi? Walter Feldman, Edson Aparecido. Se vamos aqui dedar (todo mundo), só eu saio dessa.”

“Que buquê, que clarividência, que brilho!”

Os elogios dos artistas e intelectuais aos tucanos aconteceram entre os dois discursos. O ex-ministro da Justiça José Gregori elogiou o discurso de Fernando Henrique Cardoso. “Que buquê, que clarividência, que brilho!”

A atriz Bruna Lombardi lembrou da volta de FHC e Serra do exílio. “A gente tinha um país medieval, voltado para as trevas. E eu vi esses dois, e lutei na medida que eu podia, para trazer esse iluminismo que a gente está lutando para preservar. Eu não sei se a gente vai conseguir preservar esse momento de renascença cultural sem essas pessoas que são essenciais por isso.”

O manifesto de apoio a Serra lido pelos artistas segue a mesma linha adotada pela campanha. Ele defende, por exemplo, que o tucano não vai abandonar o seu mandato mais uma vez. “Estamos com Serra para cuidar de São Paulo por quatro anos. Pelo menos! Com nosso apoio!”.

O texto também vai contra a ideia de “novo” trazida na campanha por Haddad. “Não aceitamos o que é velho na política. Velho é explorar as dificuldades do nosso povo só para conquistar votos. Velho é fazer promessas que não vão se cumprir.”

Piero Locatelli, CartaCapital

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