Professora é processada por ministrar curso sobre feminismo
O caso do processo contra uma professora universitária do curso de História é a denúncia mais recente de perseguições a docentes debaixo da doutrina do movimento Escola Sem Partido
O caso do processo contra uma professora do curso de História da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) é a denúncia mais recente de perseguições a docentes debaixo da doutrina do movimento Escola Sem Partido. Segundo nota divulgada pela Associação Nacional de História (ANPUH), que trouxe o caso à tona, a professora Marlene de Fáveri está respondendo a processo por ministrar um curso que tinha como temática o feminismo. A aluna que moveu a ação alega ter se sentido constrangida como “cristã e anti-feminista” pelas aulas.
O processo teria iniciado em julho do ano passado. A aluna, que faz parte do mestrado em História da universidade, pede indenização por danos morais.
Em outra nota, assinada pelos colegas da professora no programa de pós-graduação da Udesc, além de salientar o currículo de Fáveri como pesquisadora, afirma: “no âmbito deste Programa, nunca houve, de parte de sua coordenação ou de seu corpo docente, qualquer orientação ou ação que desconhecesse direitos fundamentais garantidos por nossa Constituição, tais como os de liberdade de expressão e os de liberdade de consciência ou de crença”.
O grupo de trabalho em Estudos de Gênero da ANPUH também se manifestou a respeito do caso dizendo que ele “evidencia a falácia desse movimento” [Escola Sem Partido]. “O que procuram nos impor não é uma escola sem partido, mas uma escola amordaçada, sem espaço para a informação e o pensamento crítico”, diz a nota.
A Udesc disse apenas “estar acompanhando o andamento do processo que envolve a aluna e a professora, como interessada no processo, para melhor elucidação dos fatos, prestando informações à Justiça quando for necessário”.
A autora do processo também é professora de História. Em suas redes sociais, ela compartilha publicamente manifestações contrárias a mulheres transgênero, ao aborto, divórcio, representatividade de mulheres no legislativo e ao voto feminino. Em uma das postagens, ela afirma que “não existe classe mais totalitária que a dos professores”, porque “tudo usam como justificativa falsos cataclismos: aquecimento global, combate ao tabaco, educação sexual, fundamentalismo religioso, epidemia de bullying e etc. Ancorados em ‘assuntos perigosos’ eles se tornam mais perigosos ainda”.
Em uma foto recente compartilhada por ela em seu perfil, a autora do processo mostra que um de seus alunos assinou a folha de chamada como “Bolsonaro”.