Eleições para o Planalto e para o Congresso, Já!
Delmar Bertuol*, Pragmatismo Político
Já defendi isto. Na verdade, vinha defendendo desde o golpe ou, talvez, até antes dele. Mas acho que agora consigo mais adesões. Eleições pro Congresso e pro Planalto imediatamente! Não podemos mais admitir este governo ilegítimo, pois golpista e, agora comprovado, corrupto.
Continuo com a ideia duma eleição inovadora. Todos e qualquer um poderiam se candidatar. Por um partido ou sem. E os partidos poderiam apresentar mais de um candidato. Não precisaria ter as ferrenhas prévias partidárias. Seria, utilizando as palavras do Senador Romero Jucá, uma suruba. No bom sentido. Se bem que nem sei se existe sentido ruim pra suruba. Aliás, ao próprio Romero Jucá seria facultado sair candidato pelo não-partido PMDB, que poderia lançar à reeleição – falo reeleição por benevolência, pois ele não foi eleito. Vencer eleição presidencial não é com o não-partido PMDB que, sabendo disso, nem lança candidato. Prefere o curto caminho dos golpes e/ou das sempre promíscuas coligações – o Michel Temos que Manter Isso Aí Temer.
Ninguém estará inelegível. O povo, pelas urnas, tem que ser maior que qualquer legislação ou Justiça. O PT poderá lançar Zé Dirceu, o já candidato Lula, assim como a Dilma. Em qualquer caso, e isso teria que ficar bem claro, o vice seria o Ciro Gomes, que já se predispôs a ser o vice do PT. E em qualquer caso também, a coligação teria o PC do B, que é o partido que sempre apoia o PT.
No tucanato, pra evitar as tradicionais brigas internas, todos os seus nomes seriam lançados. Daí eles brigariam pelos números. O José Serra, derrotado mais antigo, não aceitaria deixar o 45-1 pro não-político mais político de todos, o João Dória, que, pela lógica do Serra, teria que concorrer pelo 45-4. Os outros, pela ordem, seriam o Geraldo Alckmin e o Aécio Neves (ninguém estará inelegível, repito). Em qualquer dos quatro casos, o PSDB seria apoiado pelo PFL, que finalmente retrocaria seu nome eufêmico. Ninguém mais crê que eles sejam democratas.
A Marina Silva, que apoiou o Aécio Neves no segundo turno das últimas eleições – isso não tem nada a ver com o assunto, mas relembro só pra provocar – também poderá se candidatar e ficar em terceiro. É que o eleitor não entenderá bem seu programa de governo, que consiste justamente em não ter programa nenhum. Pragmatismo.
Sobrará pro PSOL a incomoda tarefa de trazer aos debates os temas polêmicos e tratados como tabu. Proporá a liberação da já liberada maconha, pois visam a acabar com o tráfico. Argumentará que o aborto é assunto de Saúde Pública e não somente ideológico. E defenderá a comunidade LGBT, tão criticada por homossexuais enrustidos que não são machos o suficiente pra se assumirem.
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Como falar em preconceitos e homossexualismo enrustido sem citar ele, que deixa em êxtase os bolsonetes. Sim, Jair Bolsonaro. Ele poderá se candidatar e terá salvo conduto pra falar as suas bobagens. Poderá exaltar torturadores e a Ditadura Militar, defender que mulher deva ganhar menos e, no debate da Globo, vai utilizar seu tempo de “um minuto, candidato” pra enumerar as mulheres que merecem ou não serem estupradas.
Parágrafo único do art 1 º da nossa Constituição, baseado no iluminista Rousseau: todo poder emana do povo. Que se cumpra, então, a legislação!
Seria uma ajuda do caralho se nós tivéssemos eleições já.
*Delmar Bertuol é escritor, professor de história, membro da Academia Montenegrina de Letras e colaborou para Pragmatismo Político