Renato Duque entrega foto de Lula em 2012 para "provar crime" de 2014
Delator Renato Duque entrega ao juiz Sergio Moro uma foto com Lula na tentativa de provar que seu depoimento na ação penal em que o ex-presidente é acusado de receber propina da OAS é verdadeiro. A imagem é de 2012; a acusação de 2014
O ex-diretor da Petrobras Renato Duque entregou ao juiz Sergio Moro, no âmbito do caso triplex, uma foto com o ex-presidente Lula, na tentativa de provar que seu depoimento na ação penal em que o petista é acusado de receber propina da OAS é verdadeiro. A imagem refere-se a um encontro que ocorreu em 2012. Duque acusou Lula de mandar apagar provas de crimes praticados em favor do PT em 2014.
Para atestar esse último encontro – que foi reconhecido por Lula – Duque entregou o número do voo que pegou até São Paulo em 2 de junho de 2014. Lula negou, diante de Moro, que tenha dito para o preso da Lava Jato deletar indícios de contas secretas no exterior, mas admitiu que perguntou se elas existiam.
Em 2012, após ser demitido da Petrobras, Duque pediu a agenda com Lula a João Vaccari Neto, para “agradecer” o período em que ficou na estatal. Nesse dia, o pretenso delator afirma que descobriu que o ex-presidente sempre soube dos esquemas de corrupção, pois fazia muitas perguntas sobre projetos da Petrobras, dando sinais de que acompanhava tudo de perto.
As revelações de Duque diante de Moro fizeram a Lava Jato abrir um novo inquérito contra Lula, agora por obstrução de Justiça.
Preso desde março de 2015 e já condenado na Lava Jato, o ex-diretor tenta firmar um acordo de colaboração na Justiça. Para a defesa de Lula, Duque entregou a foto em um ato de desespero para conseguir a delação.
“Sem provas para sustentar a acusação relativa ao tríplex contra Lula, os acusadores investem na oferta de prêmios para réus confessos tentarem produzir factoides. Os papéis apresentados por Duque, que busca destravar sua delação, nada provam. Não provam que Lula é dono do tríplex, não provam que ele recebeu alguma vantagem indevida proveniente de contratos da Petrobras, enfim, não provam nenhuma das acusações feitas pelo MPF na ação. Os papéis só provam o desespero dos acusadores, que agora querem transformar uma fotografia com Lula e uma suposta passagem de avião em prova de propriedade imobiliária e de recebimento de vantagens indevidas“, diz o advogado Cristiano Zanin, em nota.