Compadre de Aécio e amigo de Luciano Huck está na mira da Polícia Federal
Compadre de Aécio é apontado pela PF e MPF como o operador de propina do senador. Alexandre Accioly, que é amigo de Luciano Huck, foi flagrado em áudio que acaba de ser divulgado em uma conversa aparentemente cifrada com o tucano
O Ministério Público Federal anunciou que irá investigar o empresário Alexandre Accioly, flagrado em interceptações telefônicas da Polícia Federal no âmbito da Patmos — operação que prendeu Andrea Neves e Frederico Medeiros, irmã e primo de Aécio, respectivamente.
De acordo com a Polícia Federal, nos telefonemas Aécio Neves refere-se a Accioly como ‘Moreno’ — uma maneira de tentar mascarar a identidade do interlocutor. A medida foi usada porque o senador já desconfiava que estava sendo grampeado. Aécio é padrinho de uma filha de Acioly.
O empresário já havia sido citado por um delator da Odebrecht como dono de uma conta em Cingapura na qual teriam sido feitos depósitos de propina destinados a Aécio.
A PF afirma que interceptou três ligações feitas por Aécio, a partir de um celular pertencente a um assessor do senador. Uma ligação foi feita à irmã dele, Andrea Neves, que foi presa durante a deflagração da Operação Patmos. “As outras duas são para o mesmo interlocutor, e cujo interlocutor era referenciado por AÉCIO NEVES como ‘MORENO’, contudo o interlocutor também referência (sic) AÉCIO NEVES como ‘MORENO'”, lê-se no relatório da PF.
Segundo a Polícia Federal, o diálogo foi cifrado porque ambos temiam que podiam estar grampeados. Aécio e Accioly conversam sobre um “passeio de moto” e “motoqueiros malucos”. Confira:
Aécio Neves: Deixa eu te falar, cara. Não sei se vai ser simples… mas eu precisava que você tentasse dar uma procurada lá na… naquele negócio do passeio de moto, sabe?
Moreno: Unhum
Aécio Neves: Naquela organização que a gente ia fazer em julho.
Moreno: Unhum.
Aécio Neves: É. Porque… você viu nos jornais hoje?
Moreno: Mais ou menos. Uma parte sim, outras… algumas outras coisas aí.
Aécio Neves: É não. É não. Tem uns negócios listados que o cara ia ser o guia, sabe? [inaudível]
Moreno: Unhum. Sei.
Aécio: Procurou para… pra fazer o roteiro, entendeu? Ainda…
Moreno: Tá.
Aécio Neves: E eu tô sem nenhuma…sabe… informação que, que por conta daquelas coisas, daqueles malucos lá, sabe?
Moreno: Unhum.
Aécio Neves: Aqueles motoqueiros malucos que falaram qualquer coisa. Em vez de chamar, eles resolveram se antecipar, sabe?
O relatório da PF afirma que os termos “motoqueiros malucos” e “passeio de moto” seriam alusivos à informação publicada naquele dia de que executivos da Andrade Gutierrez teriam se adiantado a uma convocação do MPF para explicar as suspeitas de pagamento de propina referente às obras da usina hidrelétrica de Santo Antônio.
Para a PF, motoqueiros seriam os “delatores” e “passeio de moto” seria a delação.
As provas que levam a PF a afirmar que “Moreno” é Alexandre Accioly estão na segunda conversa, quando “Moreno” atende à ligação de Aécio e diz a uma criança que estava ao telefone com o “Dindo” dela.
Nesta conversa interceptada pela PF, “Moreno” também menciona o nome da criança que seria filha dele e afilhada de Aécio Neves.
Alexandre Acioly
Alexandre Acioly é um empresário que goza de relação com vários famosos. Em uma breve busca pela internet, é possível vê-lo posando ao lado de figuras como Ronaldo Fenômeno, José Bonifácio (ex-diretor geral da Globo), Bernardinho, Marcelo Serrado (ator) e Álvaro Ganero (Pai do menino que agrediu Chico Buarque), todos apoiadores de Aécio Neves, assim como Luciano Huck.