"Leis e mulheres existem para serem violadas", afirma político
“As leis são como as mulheres, existem para serem violadas”, diz membro do governo espanhol. Com apenas cinco dias no cargo, José Manuel Castelao Bragaño pediu demissão por conta da repercussão de seu comentário
O mandato de quatro anos do presidente dos espanhóis no exterior, José Manuel Castelao Bragaño do PP (Partido Popular), acabou por durar menos de uma semana por conta de um comentário machista.
O ex-deputado pediu demissão este mês depois da ampla repercussão negativa acerca de sua declaração de que “as leis são como as mulheres, existem para serem violadas”. A frase foi divulgada em diferentes jornais espanhóis e despertou a ira de funcionários públicos e de membros da sociedade.
Na ocasião, Bragaño reivindicava a ata da reunião da comissão de educação e cultura do órgão que preside e faltava apenas um voto para oficializar o documento. “Está tudo bem. Há nove votos?”, disse ele citado pelo jornal El Pais. “Coloque 10… As leis são como as mulheres, existem para serem violadas”.
Em entrevista ao El Pais, o político do partido governista negou que sua desistência do cargo depois de apenas quatro dias no posto esteja relacionada com a sua infeliz afirmação. “Ninguém pediu a minha demissão. Eu tenho uma situação pessoa e por isso, não posso continuar com o mandato. Não tem nada a ver com o sucedido”, afirmou.
Bragaño, importante nome do PP na região da Galícia (norte da Espanha), se desculpou pelo comentário e disse que foi mal interpretado. “Eu sou completamente contra qualquer tipo de violação, sou um admirador educado e respeitoso da mulher”, disse ele segundo o Publico.Es.
“Eu sinto muito. Lamento profundamente o que aconteceu”, acrescentou Bragaño ao El Pais. “E duplamente: por aqueles que me ouviam, quase todas mulheres, porque lhes gerou dor; e por mim, porque eu construí um edifício que está caindo sobre mim”.
Por conta do acontecimento, membros da comissão de educação e cultura do Conselho Geral de Cidadania no Exterior, que Bragaño presidia até então, redigiram uma carta para o diretor geral do Ministério da Imigração na qual exigiam desculpas públicas do então presidente.
Miriam Herrero, do partido de oposição PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), explicou que Bragaño havia procurado os membros da comissão para pedir desculpas pessoalmente. “Mas, é necessário pensar nas coisas antes de dize-las e ele deveria ter percebido que um comentário assim é intolerável”, acrescentou ela ao El Pais.
Marina Mattar, Opera Mundi