Por ser negro, brasileiro é rejeitado em emprego na Itália
"Desculpe, mas não posso colocar rapazes de cor na recepção". Brasileiro que vive na Itália foi recusado para uma vaga de emprego em um hotel por ter a pele negra
Um homem nascido no Brasil, mas que vive na Itália desde os três anos e meio de idade, foi recusado para uma vaga de emprego em um hotel em Cervia, cidade de quase 30 mil habitantes situada no litoral da região da Emília-Romana, por ter a pele negra.
A denúncia foi feita nesta quinta-feira (03/08) pela Confederação Geral Italiana do Trabalho (Cgil), que está preparando uma ação judicial para ajudar a vítima, identificada apenas como Paolo, 29 anos, morador de Milão, a pouco mais de 300 km de Cervia.
O fato ocorreu no último dia 18 de junho, quando o homem enviou por email uma cópia de seu documento de identidade para o hotel redigir o contrato. Anteriormente, Paolo já havia mandado seu currículo e conversado por telefone com o empregador, com quem entrara em acordo para trabalhar até setembro.
No entanto, via SMS, o dono do estabelecimento respondeu que não podia mais contratá-lo. “Lamento, Paolo, mas não posso colocar rapazes de cor na recepção, aqui na Romana as pessoas têm a mentalidade muito atrasada. Me desculpe, mas não posso fazer você descer, tchau“, diz a mensagem do empregador.
Paolo, que tem experiência no setor hoteleiro, inclusive na Emília-Romana, havia entrado em contato após ter visto um anúncio para trabalhar no hotel entre junho e setembro, período de alta temporada na Itália por causa do verão europeu.
“O único problema verdadeiro, é evidente, é a cor da pele de meu filho, que o dono do hotel só viu quando ele mandou o documento de identidade“, afirmou a mãe da vítima, Paola, em entrevista ao jornal La Repubblica. Foi ela quem acionou a Cgil após o episódio.
“A quantas pessoas isso não terá acontecido? Assim podemos dar voz também a elas“, acrescentou a genitora, explicando que Paolo é nascido no Brasil, mas vive na Itália desde os três anos e meio de idade.
“Estamos frente a um evidente caso de discriminação racial. Ao dano patrimonial por ter perdido a alta temporada, se somam a humilhação e a profunda injustiça das quais foi vítima. Estamos certos de que a Romana saberá se distinguir da inaceitável conotação reservada a ele pelo proprietário do hotel“, afirmou a Cgil.
Também ao jornal La Repubblica, a Federalberghi, entidade que representa o setor hoteleiro italiano, disse que o empregador está empenhado em “remediar o ocorrido“. “Mais de um dono de hotel se propôs a oferecer a Paolo uma oportunidade de trabalho“, garantiu a associação.
ANSA