Os 11 trechos imperdíveis do depoimento de Lula a Sergio Moro
“O senhor se baseia muito no Globo. O senhor cita o jornal O Globo 15 vezes e não cita 5 testemunhas minhas que vieram aqui”. Confira os 11 melhores momentos do depoimento de Lula a Moro
Kiko Nogueira, DCM
O depoimento de Lula a Sergio Moro em Curitiba na quarta, dia 13, repetiu, de certo modo, o primeiro encontro, numa versão mais tensa.
O processo é aquele em que Lula é acusado de receber propina da Odebrecht por meio da compra de um terreno onde seria instalado o Instituto Lula e de um apartamento.
Ao longo de duas horas, porém, Palocci foi o assunto inevitável. “Ele fez um pacto de sangue com o Ministério Público”, afirmou Lula. “Tenho pena e não raiva dele”.
No capítulo das estocadas, Lula deu uma reprimenda em Moro por usar a palavra “denegrir” e depois ouviu do juiz que deveria parar de chamar a promotora Isabel Cristina Groba Vieira de “querida”.
(O magistrado, no entanto, aparentemente não se incomoda em receber o tratamento de “querido”).
Lula, mais uma vez, sobrou. O negócio dele é falar. É sua área de expertise. A de Moro é calar.
Isso não vai mudar o curso das coisas, mas a defesa que faz de seu legado, expondo seu “julgamento”, é, paradoxalmente, um grande momento da democracia.
Abaixo, os 11 trechos imperdíveis do depoimento:
1 — “Conheço o Palocci bem. O Palocci, se não fosse um ser humano, seria um simulador. Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade.”
2 — “O Palocci é médico, é calculista, é frio.”
3 — “Fiquei vendo o Palocci falar. Ele inventou a frase de efeito ‘pacto de sangue’. Ele fez um pacto de sangue com os delatores, com os advogados deles e talvez com o Ministério Público. Porque ele disse exatamente o que o powerpoint queria que ele dissesse.”
4 — “Há muito tempo eu leio, escuto, converso com advogado e fico sabendo: todo mundo que é preso, a primeira pergunta é: E o Lula? Você conhece o Lula? O Lula estava lá? Diga alguma coisa do Lula”.
5 — “Não tenho raiva do Palocci, eu tenho pena dele. Porque o Palocci é um quadro político excepcional, do qual esse país não tem muitos.”
6 — “O instituto tem o meu nome, mas eu não sou diretor. Eu sou presidente de honra. O dia em que o senhor for nomeado presidente de honra de alguma coisa, você vai perceber que não vale nada ser presidente de honra, tá?”
7 — “Vocês do Ministério Público Federal viraram reféns da imprensa. Todo dia tem 20, 30 minutos de noticiário com denúncias infundadas contra mim nos telejornais”.
8 — “O que me deixa pasmo, doutor Moro, é que eu estou sendo acusado do segundo prédio que eu não requeri, que não é meu, que eu não aceitei, como se fosse meu. O MP vai querer encontrar uma rota de fuga, para saber como eles vão sair da encalacrada em que se meteram.”
9 — “Se o senhor lê o jornal O Globo… aliás, o senhor se baseia muito no Globo. O senhor cita o jornal O Globo 15 vezes e não cita… acho que cita cinco testemunhas minhas que vieram aqui”.
10 — “Olha, eu não uso e-mail, porque não uso computador por segurança, tá? Tinha um presidente da República que dizia assim: ‘se você quiser fazer as coisas e não quiser ser bisbilhotado por ninguém, não fale por telefone e não converse em restaurante. Caminhe com a pessoa e vá falando na estrada’.
11 — “Eu vou terminar fazendo uma pergunta ao senhor. Vou chegar em casa amanhã e vou almoçar com oito netos e uma bisneta de seis meses. Eu posso olhar na cara dos meus filhos e dizer que vim a Curitiba prestar depoimento a um juiz imparcial?”