Redação Pragmatismo
Corrupção 26/Out/2017 às 16:12 COMENTÁRIOS
Corrupção

Coronel amigo de Temer é flagrado pela PF com contratos de câmbio milionários

Publicado em 26 Out, 2017 às 16h12

A Polícia Federal (PF) encontrou contratos de câmbio milionários na residência do coronel João Baptista Lima Filho, amigo pessoal do presidente Michel Temer

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A Polícia Federal (PF) encontrou contratos de câmbio de US$ 1,2 milhão e € 1,4 milhão em endereço do coronel aposentado da PM João Baptista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer (PMDB) há mais de 30 anos e apontado por delatores como operador do pemedebista. Ele é acusado de receber R$ 1 milhão que teriam Temer como destinatário final, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR). A defesa de Temer tem negado as acusações.

Os documentos estão relacionados à empresa AF Consult, que mantém contrato com a Eletronuclear e é alvo de investigação da Operação Lava-Jato por indícios de corrupção e lavagem de dinheiro.

A PF apreendeu “pasta com documentos referentes a operações em moedas estrangeiras e um contrato de câmbio (Dascam Corretora de Câmbio Ltda.)” e também uma “pasta preta (Ourinvest) com documentos referentes a operações de transferência em moeda estrangeira, confirmações de operações de derivativos, contratos de câmbio, operações de derivativos do Banco Ourivest e AF Consultant Switzerland Ltda.”

O material foi encontrado na sede da Argeplan Arquitetura e Engenharia Ltda., na Rua Juatuba, 68, na Vila Madalena, em São Paulo.

Foram 8 contratos de câmbio apreendidos, cujos valores somam R$ 881 mil. Dois contratos são datados de setembro deste ano. Os outros 6 são de março e abril deste ano.

O quadro de sócios da Argeplan, do coronel Lima, tem como integrante a AF Consult, empresa com sede na Grande São Paulo e que foi contratada pela finlandesa AF Consult Ltd., juntamente com a empreiteira Engevix. A AF Consult Ltd. E a Engevix foram contratados por R$ 162 milhões pela Eletronuclear, em 2010, para a realização de obras na Usina Nuclear de Angra 3.

A Lava-Jato afirma que esse contrato é um dos que teriam rendido pagamentos de propinas ao vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, que presidiu a Eletronuclear e já foi condenado a 43 anos de prisão em primeira instância por corrupção, lavagem, evasão de divisas, embaraço às investigações e organização criminosa, segundo decisão da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

De acordo com as investigações, Angra 3 teria envolvido pagamento de 1% sobre os contratos destinados ao PMDB. As informações foram reveladas por delatores de empreiteiras investigadas na Lava-Jato, como Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e UTC.

A PF realizou busca e apreensão em endereços de Lima durante a deflagração da Operação Patmos, em maio, desdobramento da Lava-Jato e autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da PGR. Temer foi o principal alvo da Patmos, sendo denunciado duas vezes pela PGR. A primeira denúncia não teve prosseguimento no STF por decisão da Câmara.

O prosseguimento da segunda acusação está em processo de votação pelo Legislativo Federal nesta quarta-feira. A Constituição estabelece que, para o presidente ser processado por atos que tenham sido cometidos durante o mandato, é preciso que a Câmara autorize o prosseguimento da ação penal, já que um Poder não pode interferir no outro.

André Guilherme Vieira, Valor Econômico

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