A verdade dói, mas precisa ser dita na hora certa
Deus devia escrever certo por linhas certas, jamais por linhas erradas. É duro ter que engolir tanto sapo; porém é esse o ofício do brasileiro. Amém!
Por Luis Soares, Pragmatismo Politico
Muita coisa precisa ser dita no Brasil, mas com bastante cuidado, pois vivemos no país de Mãe Preta e Pai João, onde os motivos de Zumbi dos Palmares são bem menos valorizados do que o inchaço do ego de um William Bonner a, todas as noites, de peito arfando, falar dos “condenados” do mensalão.
Não, não vale ainda a pena sacrificar os potenciais verbais em nome de uma causa, a curto e médio prazos, perdida num contexto em que a importância histórica da nossa negritude tem sido jogada no lixo pelo DNA imperialista que predomina na maioria dos brasileiros.
É bem melhor arregimentar capacitação e energia para, futuramente, nos momentos certos, dar a tacada final e decisiva, desmascarando a hipocrisia de uma elite que prefere continuar enganando a si mesma ao invés de começar, logo, a encarar a realidade e deixar de tapar o sol com a peneira. E o sol está cada vez mais causticante e aflorando, na consciência dos mais esclarecidos, a grande distância que separa a verdade da mentira numa nação onde as desigualdades sociais, apesar dos esforços, ainda são gritantes.
Causa dores horríveis e dilacerantes nos que possuem o privilégio de pensar mais adequadamente os problemas nacionais ver brasileiros que, normalmente, têm vergonha da sua cor serem obrigados a se declararem negros para conseguir cotas universitárias; ou, em meio ao teatro do Supremo Tribunal Federal e dos meios de comunicação, saber que os traficantes de drogas, armas e munições — assim como os lavadores de dinheiro em geral — estão preparando o carnaval carioca de 2013, fonte de enormes lucros para certas instituições carimbadas.
Deus devia escrever certo por linhas certas, jamais por linhas erradas. É duro ter que engolir tanto sapo; porém é esse o ofício do brasileiro. Amém!