Luis Soares
Colunista
Política 11/Ago/2011 às 17:06 COMENTÁRIOS
Política

Conservadores ameaçam de morte líder estudantil chilena via Twitter

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 11 Ago, 2011 às 17h06
Direita sugere que morte de Camila põe ‘fim aos protestos’
Mais de três mil estudantes se encontram em Montevidéu para o 16º Congresso da Organização Continental Latino-Americana e Caribenha de Estudantes (Oclae). Na ocasião o jornal La República publicou um artigo em que comenta as ameaças sofridas pela líder estudantil Camila Vallejo e saúda os delegados provenientes de toda a América Latina e Caribe. O Congresso se desenvolve até opróximo domingo (14)
“A repressão contra os estudantes chilenos não só foi feita pela
policía, mas agora estão amedrontando pelo twitter a líder Camila
Vallejo. Um usuário apelidado como @el_yorchi divulgou dados pessoais da
dirigente estudiantil, como seu endereço, número de telefone, que
rapidamente foram retuitados por várias contas, entre elas
@derechatuitera.
Leia mais:
O massivo repúdio da comunidade fez com que derechatuitera tivesse que
pedir desculpas e que os pais da líder dos estudantes interpelassem
instâncias judiciais para buscar proteção do assédio.




Porém, algo mais grave aconteceu quando uma funcionária do governo de
Sebastiaan Piñera, Tatiana Acuña Selles, secretária executiva do Fundo
do Livro, dependente do Ministério da Cultura, pediu literalmente a
morte de Vallejo em sua conta de Twitter. “Se mata a la perra y se acaba
la leva” escreveu a funcionária em sua conta @Tati_Acuna”.(1)

 

Até agora a informação da imprensa dos últimos dias, que mostra a
gravidade da situaçãon chilena, onde a direita perde lo sorriso falso do
presidente Sebastiaan Piñera, cujo período de governo se transforma
crescentemente em uma imagen muito semelhante ao obscurantismo de
Pinochet.

– Assista AQUI uma das entrevistas coletivas com Camila Vallejo



Por sua vez o senador Carlos Larraín, presidente de Renovação Nacional
(direita), disse que o movimento pela educação é de “subversivos
inúteis”. Ele inclusive usou esta categoria, inclusive para definir
alguns parlamentares do atual Congresso.




A qualificação de seres humanos de “subversivos inúteis” abre as portas
para o ataque direto
e a agressão física. A lógica é clara: os inúteis
não servem à sociedad, portanto é melhor que não existam, já os
subversivos querem terminar com a paz do país, portanto sua existencia é
nefasta, escreveu na Rádio Cooperativa do Chile o colunista Juan Pablo
Letelier, que indignado com estas declarações reclamou: “devemos banir a
desqualificação e a desumanização de quem pensa diferente. O Chile não
quer voltar a tempos obscuros e a direita debe entender entender que sua
nostalgia por essa época (a de Pinochet) é inaceitável”.




Não se debe crer que esta radicalização dos estudantes chilenos, que não
ocorre em outros países da região, seja produto apenas de fenômenos
autóctones, como a educação chilena – tanto pública como privada –
baseada no lucro, mas que pode estar mostrando um “cansaço” das novas
gerações com o discurso e as propostas dos mais adultos.

 

Este cansaço, no caso chileno, não é apenas com as heranças da política
de Pinochet, mas também com os governos moderados e progresistas da
Concertacion.




Tudo indica que estamos em um momento em que a América Latina necessita
de um encontró das forças progressistas con as desanimadas gerações
juvenis, para que o processo de transformações se aprofunde sem fraturas
no bloco social de mudança. E os estudantes são uma força
imprescindível dessa mudança. Por isso, é saudável a realização de novo
em Montevidéu do 16º Congresso Latino-Americano e Caribenho de
Estudantes, convocado pela Organização Continental Latino-Americana e
Caribenha de Estudantes (Oclae).
Leia também:
Porões da ditadura chilena estão sendo abertos



Bem-vindos, estudantes da América Latina e do Caribe, para ficar em volta do Chile e seus estudantes!




(1)Com esta frase, a funcionária sugere que matando a líder, a quem
chamou de cachorra, as mobilizações estudantis iriam cessar. O
ex-ditador Augusto Pinochet usou a mesma frase referindo-se ao
presidente Salvador Allende quando lhe propôs transporte aéreo para
qualquer lugar do mundo que desejasse. (Nota da tradução)




Fonte: Cubadebate / Tradução: Vermelho

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